Membros da campanha ‘Maio Furta-Cor’ vão nesta semana até a Câmara de Ponta Grossa conversar com os vereadores. O objetivo é debater o Projeto de Lei que visa trazer mais incentivo à saúde mental materna na cidade. Além disto, realizarão uma tentativa de convencer os vereadores tratarem a questão com caráter de urgência.
O PL 63 de 2023 foi protocolado pelo coletivo do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), que ocupa uma das cadeiras da Câmara. Atualmente o mesmo aguarda o parecer da Comissão de Legislação, Justiça e Redação.
A campanha tem como principal objetivo sensibilizar o tema da saúde mental materna. O movimento não possui fins lucrativos, e visa conscientizar à população no mês de maio. No mês se comemora o Dia Nacional das Mães. A data é comemorada no segundo domingo de maio, sendo neste ano no dia 13.
Veja um trecho da entrevista feita com uma das representantes da Campanha ‘Maio Furta-Cor’
Segundo a representante da campanha Juliane Gibala Carrico, este ainda é um tema pouco falado, e necessita de mais visibilidade. Para ela “o foco é promover este tema e levar o debate a todas as esferas possíveis”.
Ana Paula de Melo, uma das participantes do coletivo do PSOL, comenta sobre o caminho até possível aprovação do projeto. “A expectativa é que a matéria seja aprovada antes do mês de maio, para isso deveremos aprovar em plenário requerimento que solicita colocar o PL em regime de urgência” explica Ana Paula. Ela conta ainda que para o processo ser levado em caráter de urgência, são necessárias pelo menos 7 assinaturas.
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) juntamente com a Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que em 2022, cerca de 830 mulheres morreram todos os dias por complicações que surgiram após a gravidez. São 34 vítimas por hora. Apesar dessa mortalidade ocorrer em todos os âmbitos da sociedade, as mulheres que tem menos recursos, e que vivem em zonas rurais, acabam sendo as mais afetadas.
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MULHERES PRETAS SÃO AS QUE MAIS SOFREM
A campanha chama atenção para o dado que mulheres pretas morrem 3 vezes mais. Para Juliane, isto ocorre porque mulheres pretas vivem mais em situação de vulnerabilidade, e acabam tendo menos acesso a tratamentos de saúde mental. Além disto, ela informa que mulheres pretas são mais vítimas de violência doméstica.
Na opinião da representante da campanha, ainda existe uma carência de políticas voltadas à saúde mental materna, e esse é um dos motivos para a realização do ‘Maio Furta-cor’. “Faltam políticas públicas para mulheres pretas principalmente, mas também para nós, mulheres brancas que possuem algum certo privilégio”, comenta Juliane. Ela alerta que ainda não existe uma lei federal de incentivo da saúde mental materna.
BAIXO CUSTO PARA AÇÕES
Juliane coloca que para o município de Ponta Grossa não é uma coisa muito custosa fazer algumas ações voltadas ao tratamento da saúde mental materna. “Dentro dos próprios CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) podem ser realizadas rodas de conversa. Isto seria um grande passo para que as mulheres saibam que elas não estão passando por aquilo sozinhas, pois o grande problema está em silenciar muitas das emoções do que acontece conosco na maternidade em na gestação”, explica a representante.