Alunos da rede municipal de Ponta Grossa se mobilizaram nesta terça (22) para o julgamento do réu ‘Lobo Mau’, acusado por matar e alimentar-se de dois irmãos porquinhos. O júri popular, composto por estudantes da Escola Municipal Carlos Ribeiro de Macedo, foi realizado no Tribunal do Júri do Fórum Municipal, como parte do programa ‘Justiça e Cidadania também se aprende na Escola’, da Vara da Infância e da Juventude.
O Lobo acusado admitiu o fato, mas não assumiu a intenção de matar, embora estivesse com fome. “Tudo o que eu queria era uma xícara de açúcar emprestada, mas aí veio um espirro e a casa saiu voando. Aí eu devorei o primeiro porquinho, foi um delicioso jantar”, declarou o Lobo.
Cada membro do julgamento foi interpretado por um aluno, do juiz às testemunhas, passando pelos jurados, promotora de Justiça, advogado, escrivão e policiais. Na história adaptada pelas crianças, a Chapeuzinho Vermelho e o terceiro porquinho, sobrevivente, pedem a condenação do Lobo, que é defendido pela sua Vovó.
O Lobo tentou se defender, mas não teve jeito. Por 5 votos a 2, foi considerado culpado pelo júri e condenado a 60 anos de prisão pelo magistrado. Ao final, não melhorou a situação, pois ameaçou voltar e devorar até o juiz. “Eu achei muito legal participar e por ter conseguido fazer o papel do lobo”, disse a aluna Aysha Garriel Rodrigues. “Quando eu sair daquela prisão, vou comer todas as criancinhas que forem mal-educadas”, brincou ela, ainda dentro da personagem.
Júlia de Lara da Silva, aluna e promotora do caso, também gostou da experiência e aprendeu sobre a Justiça. “Tem umas horas que a gente fica nervosa, mas é bem legal. Eu gostei muito de ser promotora porque a gente pode expressar o que o Lobo fez de errado, pude falar tudo o que ele fez. Fazer justiça é fazer o certo. Se o Lobo fez uma coisa errada, o certo é deixar ele preso, e não solto, ainda mais que ele ameaçou assassinar o outro porquinho”, considera ela.
Leonardo Teixeira, detrás da máscara do porquinho sobrevivente, passou por vários papéis antes de viver a vítima. “A gente fica até com um arrepio, um julgamento de verdade deve ser mais difícil”, acredita ele.
O magistrado Rômulo Fernandes Prestes considerou tudo ótimo. “A melhor parte foi bater o martelinho”, orgulhou-se ele. “Todo mundo gostou, nós fizemos trabalhos em grupo, usamos a cartilha da Justiça. Estudamos ela inteira e fizemos trabalhos”, relata o aluno.
Silmara da Cruz Oliveira, pedagoga da escola, conta que muitos talentos surgiram durante o trabalho. “As crianças estudaram, fizeram as visitas, aprenderam que o Conselho Tutelar é um amigo deles, entre outras coisas”, relata. “Vimos a potencialidade de cada aluno que participou do processo”, conta a pedagoga.
Projeto reúne 15 escolas
Ao todo, o projeto ‘Justiça e Cidadania também se aprende na Escola’ reuniu 15 escolas municipais em 2023, com outras duas apresentações de júri. O trabalho é coordenado pela Vara da Infância e da Juventude, em parceria com a direção do Fórum Estadual de Ponta Grossa, Conselho Tutelar, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Secretaria Municipal de Educação.
Ao longo do ano, os alunos acessaram os gibis virtuais sobre Justiça e Cidadania, com acompanhamento dos professores, realizaram visitas ao Fórum e finalizaram o programa com a criação de um roteiro e apresentação de um júri simulado, além da criação de trabalhos.
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