Será lançado nesta sexta-feira (28), às 19h30, no Salão Nobre do Sepam, em Castro, o primeiro longa-metragem produzido com recursos da Lei Paulo Gustavo. É o filme ‘Romãna Amor e Fé’ um romance histórico que conta durante 1h20 a trajetória de Romãna e seu irmão Justo, desde a fuga de enchovias até a morte de ambos em 1912 e o início do culto a Romãna, considerada uma santa popular. (Na foto acima, mostra Romãna em fases diferentes e junto de Nossa Senhora).
A reportagem do Portal Boca no Trombone conversou com a escritora e diretora do filme, Mayka Wogue. Ela disse que para produzir o longa foi um grande desafio. “Até então havia produzido coisas menores e ficção com recursos próprios, a responsabilidade de se produzir Romãna, um personagem real, cultuada e reverenciada como santa foi incrível. Eu tinha nas mãos não só a história de Romãna, mas a fé de muitas pessoas e independente de minhas convicções religiosas, eu tinha que transmitir a sensibilidade necessária, sem cair em clichê e não desrespeitar a fé alheia”. Mayka lembra que a ideia inicial para produzir o filme foi da Titia Zélia, qual sugeriu fazermos um programa no Canal Língua Solta sobre a Capelinha Nhá Romãna. “Com a morte de Zélia, a ideia ficou adormecida até ano passado e quando Castro foi um dos municípios contemplado com os recursos da Lei Paulo Gustavo, não tive dúvidas e era a hora de por a ideia em prática”.
Mayka explica que Romãna e seu irmão Justo eram originários de Enchovias, atual Piraí do Sul, vieram para Castro buscando uma melhor qualidade de vida, pois em Enchovias era impossível já que eram segregados devido a hanseníase.
“Em Castro foram perseguidos e viviam em uma situação de miséria, mas Romãna era extremamente religiosa e suas orações começaram a ganhar fama. Fixaram residência no atual Vila Santa Cruz, viviam da caridade de alguns habitantes e das prostitutas de um bordel. Muitas pessoas desafiavam as leis que proibiam o contato com os irmãos e vinham pedir suas rezas (Romãna), isso acabou provocando a ira da elite castrense e da igreja. Justo e Romãna morreram em 1912, com diferença de poucos meses, mesmo depois de sua morte as pessoas continuaram a vir pedir graças em sua sepultura. Já em 1915, Amadeu Guerra mandou construir uma capela usando a sepultura de Romãna como altar. Até hoje, milhares de pessoas visitam a capela onde fazem preces e deixam objetos como agradecimento por graças recebidas”, conta Mayka.
Os personagens principais são Romãna, Justo, Guerra e Candinha. O elenco da longa-metragem conta com 20 atores de Castro e região e a equipe total envolvida é de cerca de 50 pessoas, contando técnicos, equipes de produção e apoio. Para as gravações uma chácara foi locada onde foi construído a casa de Romãna e os cenários externos, além de gravações pelo casario da cidade, Museu do Tropeiro, Casa de Sinhara e Casa da Cultura.
Mayka destaca que a equipe de produção iniciou os trabalhos em dezembro e as gravações ocorreram entre fevereiro e março desse ano. “A edição encerrou este mês de junho, porque tive o cuidado e também de acompanhar pessoalmente toda a produção, até a finalização da edição”. Sobre a expectativa, a diretora do longa espera que “Castro não é de participar de eventos culturais como cinema, teatro, balé etc. Nossa expectativa é que tenhamos um bom público, porque estamos contando uma história real e a notícia é que o filme foi inteiramente produzido em Castro e isso é um diferencial”.
Por fim, Mayka aponta que a grande contrapartida foi entregar completamente restaurada a Capelinha Nhá Romãna, onde repousam os restos mortais da ‘santa popular’ e Justo e é ponto de peregrinação de mitos fiéis e devotos.
“Já para mim apresentar esse filme no dia 28 tem um significado todo especial e é mostrar que eu uma mulher trans, pobre de uma cidade interiorana e conservadora, pode fazer muito mais do que se prostituir. Me sinto honrada e realizada, afinal, o edital me forneceu verbas para um curta metragem, mas estou entregando um longa, com qualidade e seriedade, antes do prazo final e no Dia do Orgulho LGBTQIA+”, finaliza Mayka Wogue.
Elenco
Gertrudes: Rosani Zampieri
Romãna jovem: Alice Pizzaia
Romãna idosa: Rosani Zampieri
Justo: Allan Christyan Logam
Amadeu Guerra: Gabriel Lima
Camdinha: Lorena Barbosa
Sdd Gumercindo: Mozart Junior
Nossa Senhora: Nana Martins
Lourdes: Maysa Oliveira
Prefeito Ignácio: Rodolfo Rodrigues
Primeira dama: Natalia de Paula
Diocleciano: Keoma Terleski
Raimundo: Henrique Machado
Quitéria: Thamiris Antunes
Das Dores: Alline Rafaelle
Dr Faustino: Edival Neto
Criança: Lorenzo Gabriel
Padre: Robson Barbosa
Prostitutas
Edite: Mayka Wogue
Maria: Ary Medeiro
Porcina: Rachel Salomons
Elenco de Apoio:
Anderson Machado
Carla de Iansã
Elton Andrade Brizola
Baseado em documento público de Padre Livio Donati
Direção Geral: Mayka Wogue
Roteiro e direção: Mayka Wogue
Pesquisa: Nilceia Maria Zens e Mayka Wogue
Diretor e preparador de elenco: Mateus Ribeiro
Editor Geral: Eduardo Feitosa
Sonoplastia: Eduardo Feitosa
Trilha Sonora: Orquestra Filarmônica Cesumar Maestro Davi Oliveira
Imagens Aéreas: Francisco Barreto (Catito)
Figurinos: Henrique Machado, Rosani Zampieri, Josse Moreira
Adereços: Rosani Zampieri.
Cenografia:
Ana carolina Fagundes Ribeiro
Lucas Mateus Dias Ribeiro
Iluminação: Mateus Ribeiro, Henrique Machado, Aragon Egon
Maquiagem: Mateus Ribeiro
Alimentação: Matilde Nerci Carneiro Rodrigues, Mozart Cartez Junior
Transporte: Mozart Cartes, Cleiri Carneiro
Contra regras: Aragon Egon, Abel Marcondes Parnanguara
Produção: Estúdio Fundação Titia Zélia Canal Língua Solta
Veja algumas fotos dos bastidores: