O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), está se mobilizando para assegurar um controle mais efetivo sobre o Senado até 2026. Ciente de que a casa legislativa pode se tornar um obstáculo significativo à sua governabilidade, Lula planeja uma ofensiva estratégica para aumentar a bancada governista.
Com dois terços das cadeiras senatórias em disputa, o resultado dessa eleição poderá impactar decisivamente pautas fundamentais do governo, incluindo temas sensíveis como a possibilidade de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), um tema que ganhou força entre os grupos bolsonaristas.
Nos corredores do poder, Lula já demonstrou que sua prioridade será expandir a base aliada no Senado, mesmo que isso implique sacrificar algumas candidaturas a governos estaduais. Informações de fontes próximas ao presidente revelam que ele estaria disposto a trocar “cinco governadores por um senador”, ressaltando a importância da disputa pelo Senado.
A preocupação de Lula é respaldada por uma realidade política complexa. A partir de 2025, o Senado continuará sob o domínio de uma aliança entre o PL, o Centrão e o Governo, com os integrantes do Centrão frequentemente alinhados à oposição. Essa dinâmica tem dificultado as articulações do governo em votações cruciais, evidenciada pela resistência a medidas econômicas e pela progressão de investigações que afetam aliados.
O Partido dos Trabalhadores enfrenta o desafio de garantir que as vagas disponíveis não sejam ocupadas por candidatos oposicionistas. A oposição está bem organizada e pode conquistar uma parte significativa das 54 cadeiras, potencialmente alterando o equilíbrio de forças no Senado e introduzindo uma agenda mais conservadora em debates sobre temas como aborto e drogas.
No entanto, o governo luta para consolidar chapas competitivas nos estados-chave, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, onde ainda não há nomes petistas firmes na disputa. Em contrapartida, figuras proeminentes da oposição, como Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro, já estão sendo articuladas para fortalecer suas candidaturas.
Em resposta a essa situação, Lula está incentivando ministros e aliados influentes a considerarem candidaturas ao Senado em vez de cargos executivos. Nos últimos meses, pelo menos um ministro foi abordado com o objetivo de abandonar suas aspirações ao governo estadual para focar na disputa senatorial, numa tentativa de conter o avanço da direita na casa legislativa.
A Federação Brasil da Esperança (composta por PT, PCdoB e PV) desempenhará um papel crucial na estratégia de Lula. O presidente pretende utilizar o palanque da federação nos estados como uma ferramenta para negociar apoio a candidaturas prioritárias ao Senado. Essa abordagem já demonstrou sucesso em 2006, quando Lula ampliou sua base no Congresso e alcançou altos índices de aprovação ao final de seu segundo mandato.
Caso consiga implementar essa tática novamente, é possível que o governo fortaleça sua posição no Senado e abra caminho para uma sucessão favorável em 2030, mitigando a influência bolsonarista e criando um ambiente político mais propício nos anos vindouros.
Lula considera a eleição para o Senado como uma das mais importantes em 2026, logo após a presidencial. Para evitar surpresas negativas no futuro, ele está apostando em negociações robustas para garantir uma maioria na casa legislativa, priorizando candidaturas estratégicas e construindo alianças estaduais. As movimentações políticas já estão em curso nos bastidores e os próximos meses serão cruciais para determinar os rumos da base governista no Congresso.
Leia também Governo começa entrega de 209 ônibus para a educação
