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MPF critica demora de ressarcimento por descontos indevidos do INSS

Pedidos de reembolso ao INSS passam de 1 milhão Boca no Trombone Pedidos de reembolso ao INSS passam de 1 milhão
José Cruz/Agência Brasil
Segundo eles, a identificação de empresas de fachada envolvidas nas fraudes já permite uma lista clara das vítimas que necessitam de compensação imediata

A cúpula do Ministério Público Federal (MPF) expressou preocupações sobre a exigência de que as vítimas de descontos indevidos em seus benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) tomem a iniciativa de buscar ressarcimento. Os procuradores argumentam que essa demanda é desproporcional, especialmente considerando as evidências de irregularidades já identificadas.

Os procuradores Nicolau Dino, da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, e Alexandre Camanho, da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, que supervisiona investigações relacionadas à corrupção e improbidade administrativa, destacaram a responsabilidade solidária da União nas fraudes. Eles enfatizam que o governo deve agir proativamente para reembolsar aposentados e pensionistas afetados por descontos indevidos.

Os procuradores afirmaram: “Determinadas pessoas sofreram descontos involuntários, notificados e inseridos em um banco de dados do INSS. O INSS sabe precisamente quem são as pessoas que foram lesadas. Portanto, seria completamente desproporcional exigir que essas vítimas tomem medidas ativas para receber o ressarcimento.” Segundo eles, a identificação de empresas de fachada envolvidas nas fraudes já permite uma lista clara das vítimas que necessitam de compensação imediata.

No último dia 19, o MPF emitiu uma recomendação ao ministro da Previdência, Wolney Queiroz, solicitando que o ressarcimento ocorra em até 30 dias para grupos vulneráveis, incluindo quilombolas, indígenas e aposentados que recebem até um salário mínimo.

A Procuradoria também se manifestou contra a exigência de que os aposentados contestem os descontos indevidos por meio de aplicativos. Em resposta a essa recomendação, o Ministério da Previdência abriu a possibilidade para que beneficiários questionem presencialmente eventuais fraudes.

Além disso, o MPF defende a necessidade de reconhecimento imediato das vítimas das fraudes ao INSS e solicita a devolução rápida dos valores descontados indevidamente com recursos públicos. Essa posição contrasta parcialmente com a narrativa do governo Lula, que sugere que o ressarcimento deve vir dos investigados na Operação Sem Desconto.

Os procuradores explicam que não há uma conexão estrita entre o ressarcimento e a origem dos bens dos responsáveis pelas fraudes, uma vez que as investigações indicam a participação de agentes públicos no esquema. “Dada a intensa participação de servidores públicos, isso evidencia uma responsabilidade solidária da União em relação aos danos causados aos beneficiários”, afirmam.

Atualmente, a Procuradoria mantém um canal aberto com o Executivo para discutir soluções colaborativas e não descarta ações judiciais futuras.

No âmbito das investigações, o MPF está realizando um alinhamento das apurações sobre fraudes em diferentes estados brasileiros, buscando informações para garantir que os recursos desviados retornem aos cofres públicos. Até o momento, pelo menos 23 investigações relacionadas à participação de servidores do INSS em esquemas fraudulentos foram iniciadas em diversas localidades como Distrito Federal, São Paulo e Minas Gerais.

A 5ª Câmara do MPF observou que tanto a Polícia Federal quanto órgãos do Executivo tinham conhecimento prévio das irregularidades, mas houve falhas na comunicação dessas informações. Isso gerou uma assimetria informacional significativa entre as instituições envolvidas. O MPF busca agora uniformizar os procedimentos investigativos para maximizar a eficiência das apurações e garantir proteção aos lesados.

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