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O papel emergente do profissional de segurança do trabalho, por Rafael Mansani e José Leal

Os novos desafios que estão sendo vividos pelos profissionais, as novas habilidades que temos que adquirir para operar neste novo mundo moderno e os desafios que vamos enfrentar se ficarmos estagnados na mesmice.

A segurança está tendo um papel cada vez mais central no mundo atual, porém, profissionais de segurança que se mantem presos aos êxitos e abordagens do passado, vão ficando cada vez menos relevantes.

Além das novas habilidades e conhecimentos, profissionais de segurança precisam se tornar também líderes de mudanças. Para completar essa nova exigência, vamos mostrar como um estilo baseado na liderança pode ajudar profissionais a serem de forma mais efetiva como agentes de mudança não só em segurança, mas em toda a performance da organização.

LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL

Fundamentalmente, um profissional de segurança precisa ter habilidades claras de gerenciamento. Ele ou ela precisam estar aptos para estabelecer as características necessárias do pessoal da área, selecionar a pessoa certa no departamento ou na organização, saber onde encontrar respostas sobre questões técnicas e regulamentares (NRs) e estar apto para desenhar um projeto para uma nova demanda. Além disso, em um cenário empresarial de crescente complexidade e diversidade de demandas, o profissional de segurança também precisa se tornar um líder de mudanças.

Um líder transformacional gera grande entusiasmo e energia sobre os seus subordinados, e sobre todos à sua volta de forma que ele atua de forma que faz com que os outros queiram ouvi-lo e lhe dar atenção. Isso não quer dizer que o profissional de segurança fique se achando; de fato ele precisa se tornar justamente o oposto. Liderança é alguma coisa sobre a habilidade de proporcionar a pessoas um espírito de objetividade, que entende o trabalho que elas fazem e de que consegue direcioná-las na melhorar forma possível.

LIDERANÇA TRANSFORMACIONAL pode ser entendida como tendo quatro características ou dimensões:

Desafio: O líder alimenta seus subordinados com um fluxo de novas ideias desafiadoras no sentido de estimulá-los a repensar velhas formas de fazer as coisas. Ele desafia paradigmas que se mostram disfuncionais e promove racionalidade e solução detalhada de problemas. Exemplos de comportamentos derivados de estimulação intelectual incluem: encorajar liderados, não para pensar como o líder; criar uma espécie de “prontidão” para mudanças em pensar as coisas; encorajar todos a um amplo espectro de interesses;

Engajamento: o líder ajuda outros a se engajarem na direção desejada. Ele treina, monitora e promove retorno do que for discutido e disponibiliza atenção pessoal quando necessário, além de fazer a ligação das necessidades de cada setor com a missão da organização. Exemplos de comportamentos: criação de estratégias para melhora contínua, promoção de desenvolvimento pessoal dos colaboradores, encorajamento de iniciativas individuais, treinamento e aconselhamento.

Inspiração: o líder estabelece parâmetros elevados e comunica com entusiasmo os objetivos. Ele articula uma visão convincente e transmite confiança sobre conseguir o objetivo. Exemplos de comportamento: ajudar liderados a atingir níveis de performance além do que eles acham possível, demonstrando determinação própria e envolvimento para atingir objetivos; consegue expressar otimismo sobre como conseguir o objetivo e desperta uma aceitação emocional dos desafios.

Influência: o líder constrói um senso coletivo do tipo “missão acima do interesse pessoal” e desperta empenho para esta visão. Ele ganha confiança, respeito e sinceridade dos outros; leva em conta as consequências éticas de suas decisões; consegue imprimir um senso ético de suas decisões; considera os valores, crenças dos demais e consegue incutir orgulho. Exemplos de comportamento: desenvolver confiança na habilidade dos líderes em superar uma crise, atua como exemplo, sacrificando ganhos pessoais para o ganho de todos e cria um senso de que há uma missão a cumprir que pertence a todos.

Liderança transformacional não é um mistério. Ela é composta de comportamentos observáveis e seu efeito pode ser mensurado através de discussões com pessoas que estão em contato com o líder.

TORNANDO-SE UM LÍDER TRANSFORMACIONAL

A liderança transformacional cria a vontade de ir acima e além de interesse próprio dentro da organização. O desafio para profissionais de segurança é aprender como direcionar esta vontade como um investimento em segurança – ou seja, aprendendo como fazer a ligação entre o estilo transformacional às práticas de segurança. Para dar um exemplo de como um estilo de liderança pode influenciar boas práticas, vamos usar exemplos de duas bem conhecidas boas práticas de liderança: credibilidade e colaboração.

CREDIBILIDADE TRANSFORMACIONAL

Credibilidade como uma prática de liderança em segurança está relacionada a uma característica pessoal de admitir os próprios erros e os de outras pessoas, a de prestar informações honestas acerca de performance em segurança mesmo que não seja bem recebida e de buscar compromissos com a segurança, além de outros elementos.

Muitas empresas sofrem em gastar muito tempo em eventos com baixo potencial de risco. Por exemplo, líderes irão dar atenção de forma proporcional para cada item de NRs e assim um incidente com alto potencial para um acidente grave (como uma negligência associada a um sistema de acionamento/parada) irá obter o mesmo nível de atenção de um incidente (do tipo poeira nos olhos). É claro que uma poeira nos olhos é importante, mas a sua gravidade é baixa. Um profissional de segurança que dá destaque a esse tipo de inconsistência e defende uma mudança em como os eventos devam ser priorizados, vai ganhar credibilidade.

COLABORAÇÃO TRANSFORMACIONAL

Colaboração como uma prática de liderança em segurança é alguma coisa como promover cooperação e espírito de equipe, instigando e encorajando questões vindas do próprio pessoal da segurança e que irá afetá-los. E, ainda, buscar e ouvir os diversos pontos de vista relativamente à segurança. Comportamentos de colaboração são geralmente desencadeados na direção da uma mudança. Mudanças são difíceis e as pessoas geralmente se acomodam a situação vigente a não ser que haja uma razão extrema que os leva a uma mudança. Novas direções fazem as coisas mais fáceis se as pessoas estejam engajadas e contribuindo para as decisões durante o processo. O profissional de segurança que entrar em campo e buscar provocar e obter feedback das pessoas que ele depende para implementar mudança é muito mais bem-sucedido.

TEMPOS DE ENTUSIASMO

Um grande acervo de pesquisa demonstra que excelência em performance de segurança está relacionada à excelência em outras formas de performance, como produtividade, lucratividade, qualidade, e serviços ao cliente.

Os tempos atuais são de mudança. Para o profissional de segurança que segurar as rédeas e desenvolver habilidades de liderança transformacional e continue pessoalmente desafiando seu nível de compreensão e crenças, conseguirá as maiores oportunidades e um trabalho muito mais gratificante.

Finalmente, trabalhando nesses atributos e habilidades, o profissional de segurança permanecerá como um significativo e bem-vindo membro no círculo de outros executivos.

Leia também: Prevenção de Acidentes de Trabalho, por Rafael Mansani e José Leal


Rafael Gustavo Mansani

Rafael Gustavo Mansani

Engenheiro Civil e de Segurança do trabalho, pós graduado em Gestão Pública, Mestrando em Eng. De Produção. Diretor Executivo do IPLAN-PMPG

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