A Polícia Civil do Paraná (PCPR) deflagrou na manhã desta quarta-feira (28) uma grande operação contra uma organização criminosa especializada no furto, adulteração e venda ilegal de cargas de soja e fertilizantes. Ao todo, 24 pessoas foram presas, com mandados cumpridos também em Ponta Grossa, além de outras sete cidades do Paraná e em Goiânia (GO).
De acordo com a investigação, a quadrilha adulterava cargas agrícolas, misturando materiais como areia à soja e calcário aos fertilizantes, causando prejuízos superiores a R$ 15 milhões para produtores rurais e empresas do setor.
A operação foi resultado de um trabalho conjunto da PCPR com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que auxiliou nas fases de levantamento e investigação.
Mandados em Ponta Grossa e outras cidades
Durante a ação, os policiais cumpriram:
-
24 mandados de prisão,
-
41 mandados de busca e apreensão em residências,
-
17 buscas em caminhões e carretas,
-
40 ordens de sequestro de bens.
As ações ocorreram simultaneamente em Ponta Grossa, Curitiba, São José dos Pinhais, Fazenda Rio Grande, Paranaguá, Laranjeiras do Sul, Congonhinhas e Nova Fátima, além de Goiânia.
Esquema milionário: como funcionava
O grupo criminoso operava em duas frentes:
Adulteração de fertilizantes, que recebiam misturas com calcário, silicato e outros materiais.
Fraudes em cargas de soja, que eram misturadas com areia e revendidas como produto íntegro.
As cargas desviadas eram levadas a armazéns clandestinos, onde passavam pelo processo de adulteração e eram reensacadas para simular qualidade e procedência regular.
Notas fiscais falsas e lavagem de dinheiro
O grupo emitia notas fiscais frias por meio de empresas fantasmas ou encerradas, simulando transações fictícias para legitimar o transporte e a venda dos produtos adulterados. Segundo a Polícia Civil, também havia um contador na quadrilha, responsável por toda a movimentação financeira e lavagem de dinheiro.
Motoristas cooptados para o crime
Parte fundamental do esquema era o aliciamento de motoristas, alguns contratados diretamente por empresas de fachada e outros recrutados pontualmente para desviar cargas. Esses profissionais levavam os caminhões até os armazéns clandestinos, onde os produtos eram adulterados.
Crimes investigados
A organização criminosa responderá pelos crimes de:
-
Furto qualificado,
-
Receptação qualificada,
-
Falsidade ideológica,
-
Adulteração de produtos agrícolas,
-
Indução de consumidor a erro,
-
Duplicata simulada,
-
Lavagem de capitais,
-
Organização criminosa.
Declaração oficial
“Dentro do grupo existiam funções bem definidas, desde operadores dos barracões até quem fazia a movimentação financeira. É um golpe que atinge diretamente o agronegócio e prejudica toda a cadeia produtiva”, destacou o delegado André Gustavo Feltes, responsável pela investigação.
Leia também: PF investiga organizações criminosas que planejavam matar autoridades