Ele era tão servil, nasceu para servir. Nasceu? O ato pode parecer pouco apropriado a ele, contudo, em algum momento veio a este mundo. Tinha orgulho de sua serventia, sempre à disposição. E não importava quem fosse o requisitante dos serviços, o importante era servir. Algumas madames olhavam para sua figura e arrebitavam o nariz, afinal ele poderia ser mais nobre, de uma estirpe refinada, ou até trazido de outros continentes, de algum país europeu.
Na prática, isso não lhe tomava a atenção, só queria trabalhar. Em grandes festas, ou na rotina diária, lá estava, em prontidão. Normalmente deixava-se tocar por muitas pessoas e, isto para alguns indivíduos era humilhante. Entretanto, bastava o frescor de uma água corrente para lhe devolver o viço. Assim seguiu por sete anos. No final daquele sétimo ano, as mãos de um empregado novo da casa, o derrubou. Só sobraram incontáveis fragmentos daquele copo feliz.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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