Tantas vezes visitei aquela praça e agora é ela quem me visita. Desloca-se inteira, com árvores, construções, ladrilhos, bancos, e chega até a mim, do passado para o presente. Nunca antes havia recebido a visita de uma praça e sinto-me lisonjeada.
Logo na chegada, mostra o banco. A visita arrasta junto o homem que se sentava naquele banco e se deixava acalentar por meus afagos junto ao pôr do sol. Nossos olhares também morriam um pouco, acompanhavam o ocaso e nem faziam caso para disfarçar. Não se sabia quanto tempo um jovem e nascente amor poderia durar.
Nossos corações batiam apaixonados e desconfiados de que um amor é algo bom demais para durar. Entre meus dedos tenho teus cabelos e deslizar neles era bom. Teus dedos que também se embrenharam por meus cabelos, esparramados por entre os vãos do banco.
É a primeira vez que uma praça vem me visitar. Na despedida, faço questão de acompanhá-la até o portão.
Autoria: Renata Regis Florisbelo