Letícia segurava o bebê no colo. Era seu neto, mas não haveria de ser mais amado se filho fosse. O menino nasceu doentinho e precisava de cuidados especiais. O colo tinha duração de longas e aconchegantes horas. O pequeno era acarinhado em seu rosto, cabelos, mãos, as mãozinhas minúsculas a receberem afagos. O calor do corpo dela aninhando-se em graus de carinho até ele. O cheiro da pele, os sons, delicados barulhos de quem ainda não conhece os arroubos da vida. A mulher mergulhava fundo dos mais doces sentimentos. O menino era seu pedaço de amor, universo de emoções. O bebê dormia, ela sonolenta, a vida parava para assistir as feições doces e serenas. Um dia ele cresceria, o colo dela não mais habitaria. Uma triste sina… A avó fitava longamente aquele rosto, aquele corpinho, jamais havia sentido tanto carinho. O amor faz do corpo um ninho, uma bolsa de marsupial, um cantinho.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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