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Março Azul Marinho destaca o câncer colorretal em jovens

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Março Azul Marinho destaca o câncer colorretal em jovens
No mês dedicado a chamar a atenção para um dos tumores mais prevalentes do país, especialista afirma que a neoplasia maligna pode ser prevenida e conta com boas chances de tratamento

Conforme apontam as informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a neoplasia de cólon e reto ou tumor de intestino (câncer colorretal) representa o segundo tipo mais frequente em homens e mulheres, excluindo os de pele do tipo não-melanoma. A estimativa de novos casos é que mais de 45 mil pessoas sejam diagnosticadas com a doença até o fim do ano em todo o país. Nas mulheres, por exemplo, esse tipo de tumor está atrás somente do câncer de mama, enquanto nos homens, a incidência fica logo após o câncer de próstata.  

Segundo Fenando Meton, diretor do Oncologia Americas e especialista em tumores gastrointestinais, o aumento da incidência, especialmente, em países desenvolvidos ou em desenvolvimento, deve-se pelos fatores de risco compartilhados, a exemplo da mudança de hábitos da população, nos últimos 50 anos: dieta com mais carne vermelha, alimentos processados, grãos e açúcar refinados, aumento do tabagismo e ingestão em demasia de álcool, além do menor consumo de frutas e vegetais.  

“Quando não associado com a história familiar, é multifatorial, ou seja, associado ao estilo de vida. A falta de atividade física aliada à dieta rica em calorias, resulta em um organismo desequilibrado, sob estado de inflamação e propenso à obesidade – fator de risco para o câncer colorretal em jovens, especialmente nas mulheres”, diz.

O especialista reforça que, apesar do diagnóstico do câncer colorretal ser mais frequente após os 50 anos de idade, nos últimos anos, estudos observaram um aumento da incidência em indivíduos mais jovens. Dados apontam que a obesidade na adolescência ou o ganho de peso de mais de 20kg, desde os 18 anos, estão diretamente relacionados com os tumores colorretais em mulheres com menos de 50 anos.  

“Cerca de 30% dos pacientes com tumor de intestino em idade jovem possuem história familiar, pelo menos, em um parente de primeiro grau. A prevalência de síndromes genéticas que predispõem os tumores de intestino e outros tipos, é rara, ocorrendo entre três a cinco por cento dos casos, porém mesmo diante de ausência de história familiar, quando um paciente é diagnosticado com tumor colorretal com menos de 50 anos, existe a recomendação de testes e aconselhamento genético –  uma vez que podem ser identificadas alterações em cada situação”, diz.

O médico ressalta, ainda, que desde 2018, a Sociedade Americana de Cancerologia recomenda o rastreio de câncer colorretal a partir de 45 anos, medida que já é adotada por outras sociedades, assim como pela Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC). Diante de histórico familiar de câncer de intestino, história pessoal de pólipos benignos (por exemplo adenomas) ou de doenças inflamatórias do trato intestinal, como doença de Crohn e retocolite ulcerativa, o acompanhamento deve ser individualizado e contínuo. 

Sintomas 

Apesar da redução na idade de investigação, uma parcela de jovens ainda pode ter o diagnóstico com menos de 45 anos. “Estar atento aos sinais e sintomas precoces são fundamentais para reduzir a incidência da doença. Dentre os mais frequentes estão: dor abdominal, sangramento retal, perda de peso e alteração no hábito intestinal, com muitos destes sintomas ocorrendo ao mesmo tempo”, alerta.  

O especialista também chama a atenção para a presença de sangramento indolor nas fezes, que pode preceder os demais sintomas em dois ou três anos – sinal que pode ocorrer na fase de pólipo, ou seja, lesões pré-malignas ou ainda com a doença em estágio inicial. Apesar disso, os estudos mostram que pacientes com câncer colorretal em idade jovem levam em média até seis meses para buscar assistência médica.  “Tal fato pode ser bastante prejudicial, pois o diagnóstico precoce é fundamental para os melhores resultados no tratamento oncológico de uma forma geral. É importante falar a respeito, conscientizar a população sobre os sinais e sintomas, sobre o aumento da incidência de câncer nesta faixa etária, assim como a necessidade de se buscar ajuda especializada”, pondera. 

Prevenção 

Sobre a prevenção, as orientações são para todas as faixas etárias: Meton afirma que estabelecer hábitos de vida saudáveis são fundamentais para prevenção, não só do câncer de intestino, mas também de diversos outros tipos. Mais de 40% dos fatores de risco de câncer são modificáveis e incluem, por exemplo: sobrepeso, sedentarismo, falta de atividade física, ingesta em excesso de carne vermelha, embutidos e alimentos processados, ricos em açucares, tabagismo e bebida alcóolica.  

“Vale lembrar que carne vermelha não se refere apenas ao tipo bovino, de porco, carneiro e cabra, enquanto a processada é que foi transformada através de fermentação, salgamento ou cura (para preservação, por exemplo) como: carne-de-sol, carne seca, bacon, salsicha, presunto, mortadela, salame e linguiças”, alerta. 

Com relação ao tratamento, este depende do estágio ou fase em que a doença se encontra. Essa avaliação é feita por meio de exames, como tomografias, de sangue, além da biópsia. O objetivo é avaliar o chamado de estadiamento da doença. Nos casos diagnosticados em fases iniciais, as chances de cura são maiores que 90% e as indicações de tratamento envolvem, na maioria das vezes, um oncologista clínico e um cirurgião experientes na área. Em algumas situações, há a recomendação de retirada do tumor por colonoscopia, que é um procedimento menos invasivo e o mesmo para se diagnosticar esse tipo de câncer. “Já nas situações mais avançadas, há a necessidade de cirurgia e a avaliação individualizada de quimioterapia complementar ou apenas acompanhamento”, explica. 

Meton destaca que, dependendo da localização, a radioterapia, com ou sem quimioterapia também podem ser indicadas antes da cirurgia. Em outros casos, os oncologistas também lançam mão de tratamentos modernos do tipo terapias alvo-molecular ou mais recentemente, a imunoterapia, em situações bem mais selecionadas. O especialista ressalta, ainda, que cada vez mais o tratamento oncológico está personalizado. “É importante para o melhor cuidado do paciente oncológico estar na presença de uma equipe de especialistas que atuem de forma integrada e focada na individualização dos casos”, finaliza. 

 

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