Notícias Corporativas

Neurocirurgião esclarece dúvidas sobre tumor cerebral

Neurocirurgião esclarece dúvidas sobre tumor cerebral
Neurocirurgião esclarece dúvidas sobre tumor cerebral
Tumores intracranianos podem não ter origem primária do cérebro

Tumor é o crescimento anormal de células em qualquer tecido do corpo. Pode-se considerar como tumor cerebral o desenvolvimento atípico de células do encéfalo ou dos tecidos de sustentação. Trata-se de um grupo heterogêneo, que apresenta uma grande variedade de tipos, tamanhos, morfologia, sintomas e de tratamento.

O Dr. Felipe Salvagni Pereira (CRM 3699), neurocirurgião do Hospital VITA, explica que ao contrário do que se possa imaginar, cerca de 50% dos tumores intracranianos não são de origem primária do cérebro e, sim, de outros órgãos do corpo.

Segundo ele, algumas células tumorais têm a capacidade de chegar ao crânio via circulação sanguínea, se adaptarem e proliferarem, produzindo um novo tumor ou uma metástase. Os sítios mais comuns de metástase para o sistema nervoso central são de câncer de pulmão, mama, rim, colorretal e melanoma, e são sempre consideradas como doença maligna.

O médico explica ainda que o paciente, na maioria dos casos, é tratado com quimioterapia/imunoterapia e radioterapia, após a ressecção cirúrgica da lesão. “As metástases afetam principalmente a população de 30-40 anos, as causas variam de acordo com a origem do tumor e o neurocirurgião apresenta apenas uma pequena parte do tratamento, cujo alicerce deve ser o oncologista”, destaca.

Já os outros 50% dos tumores intracranianos podem ser divididos em benignos e malignos. O Dr. Felipe esclarece que o tumor benigno mais comum do crânio é o meningioma, que tem origem na meninge, uma espécie de carapaça que reveste o cérebro. “Diversas causas são atribuídas aos meningiomas, sendo a única comprovada cientificamente a exposição à radiação ionizante, porém apresenta relação com hormônios femininos, alterações genéticas e algumas síndromes como neurofibromatose tipo 2, sendo mais comuns em mulheres em idade fértil”, acrescenta. Lesões pequenas ou assintomáticas, podem ser acompanhadas com exame de imagem realizados a cada três a seis meses, enquanto lesões maiores e sintomáticas, o tratamento cirúrgico é o único curativo.

O médico descreve que as lesões primárias do cérebro são denominadas gliomas, pois têm origem na glia – tecido de sustentação do cérebro. “Possuem uma variedade de tipos e comportamento, sendo o mais comum e mais agressivo o glioblastoma multiforme – mais frequente em pacientes com mais de 65 anos”, alerta o especialista.

A classificação dos gliomas é realizada de acordo com a gravidade do tumor e varia de grau um a quatro, sendo os tumores de grau um e dois considerados de baixo grau de malignidade, e os de três e quatro, de alto grau de malignidade. “O principal critério para definir o grau da lesão é imunohistoquímico, ou seja, é diagnosticado por estudo molecular da biópsia. Apesar de grandes avanços da indústria farmacêutica na oncologia, para tumores cerebrais, o diagnóstico e o tratamento são essencialmente cirúrgicos. Por meio de biópsia de parte do tumor define-se o subtipo e comportamento da lesão, perfil de resposta à quimioterapia, à radioterapia e auxilia em definir o prognóstico do paciente”, ressalta.

No caso de tumores cerebrais, o Dr. Felipe explica que a ressecção cirúrgica está diretamente relacionada com a sobrevida dos pacientes. “Quanto maior a taxa de ressecção cirúrgica, maior a sobrevida, ou seja, nesse caso, o papel do neurocirurgião é essencial”, pontua.

“As principais causas dos gliomas são alterações genéticas, as quais causam uma falha do organismo em eliminar as células cancerosas, e não há como o paciente evitar o surgimento dessas lesões”, complementa o neurocirurgião.

Sintomas

O médico aponta que o principal sintoma de um tumor cerebral, seja maligno ou benigno, é a cefaleia (dor de cabeça), que em geral tem um padrão de aperto, uma pressão na cabeça contínua (pior do lado do tumor) e que intensifica durante a madrugada, pois em decúbito (deitado) a pressão intracraniana aumenta, podendo, inclusive, despertar o paciente.

“As crises convulsivas também são um dos sintomas mais comuns, grande parte dos diagnósticos são em pacientes previamente saudáveis que têm uma crise convulsiva e realizaram tomografia no pronto-atendimento e descobrem o tumor, foi assim, por exemplo, com o ex-jogador de basquete Oscar Schmidt – ‘mão santa’, que teve uma crise durante uma viagem aos Estados Unidos e descobriu um glioma”, complementa o médico.

O neurocirurgião acrescenta que náusea, vômitos, borramento visual, alteração de comportamento, dificuldade na fala, escrita, coordenação, podendo variar de acordo com a área do cérebro que o tumor está invadindo, também são alguns sintomas comuns.

De acordo com o Dr. Felipe, o exame de triagem é a tomografia de crânio. “Se o exame apontar sinais de tumor, o procedimento ideal para elucidação diagnóstica e planejamento cirúrgico é a ressonância magnética”.

Procedimento cirúrgico

“A cirurgia para ressecção de tumores cerebrais é realizada por meio de microscópio cirúrgico”, descreve o Dr. Felipe. Ele explica que em geral, as cirurgias são eletivas – agendadas, não urgentes, pois o paciente precisa passar por uma liberação cardiológica para avaliar o seu risco cirúrgico e também com uma consulta pré-operatória com o anestesiologista para identificar os pontos críticos do procedimento, suspender ou adicionar medicações e orientar o jejum na noite anterior.

O procedimento cirúrgico leva em média de quatro a cinco horas, porém, tumores grandes podem demandar um dia inteiro de trabalho. Logo após o procedimento é realizada uma tomografia do crânio para garantir que a lesão foi ressecada, além de excluir complicações como isquemias ou hemorragias. “Os cuidados pós-operatórios são realizados em UTI por pelo menos 24 horas, sendo comum permanecer 48 horas”, destaca. 

A alta hospitalar é, geralmente, no terceiro dia após a cirurgia, devendo o paciente retornar para consulta em duas semanas, para a retirada dos pontos e receber o resultado da biópsia.

Em caso de lesões benignas, o tratamento cirúrgico pode e deve ser curativo, acompanhando com exames de imagens uma vez por ano por um período estipulado pelo médico. “Em caso de lesões malignas, é necessário um tratamento adjuvante, seja com medicação (quimioterapia/imunoterapia) ou irradiação (radioterapia), além de exames de imagens seriados com prazos menores, por exemplo a cada três meses”, enfatiza o médico.


BNT Vídeos

Quer receber as Newsletter BnT?

Cadastre-se e receba, um email exclusivo com as principais noticias produzidas pela equipe do Portal Boca no Trombone

Web Stories

Agenda Cultural (outubro de 2024) Delegada Claudia Kruger fala sobre prisão de Guia Espiritual em PG Prefeita de Carambei avalia seu mandato Desafios de Piraí do Sul Gastos na campanha eleitoral em Ponta Grossa Influência do Joce Nova eleição em PG