Na minha geladeira não tem sorvete, nunca comprei. Pensei em tantas opções: pães variadíssimos, iogurtes. Bolos de chocolate, os seus preferidos! Um amor que se revestia em pitadas doces e salgadas na cozinha. Nada mau também eram as delícias que seguiam tarde a dentro até tocar a boca da noite.
A noite tem boca molhada e sensual, sempre ávida ao amor. E o amor é uma coisa boa, momentos de fazer coisas sérias e comuns parecerem leves e lúdicas. De fazer rir quando a chave da porta gira em se abrir para você, correndo só para me encontrar mais rápido, num beijo que se demoraria muito.
Na minha geladeira sempre tem suco de maçã, daquela garrafa grande que eu gostava de apanhar no mercado antes de você chegar e encontrar tudo pronto. Nosso encontro nesta vida também tinha gosto de pão de queijo de posto de gasolina e de omelete de banana. Mas, faltou o pote de sorvete que nunca comprei, nem lembrei de perguntar. O pote de sorvete que nunca teve chance de acabar…
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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