Coluna

A violência e a educação para a paz, por Everson Krum

Pouco tempo atrás, escrevi um texto sobre comportamentos e doenças relacionados com Saúde Mental, falando sobre a epidemia de sofrimento mental.

Nos últimos dias acompanhamos estarrecidos e chocados, a violência contra professoras e crianças em escolas. Os casos estão aumentando e precisamos conversar muito seriamente sobre isso. E os governos precisam urgentemente fazer sua parte, a situação é grave e não podemos mais esperar.

Uma nova geração de pessoas, adolescentes e adultos, têm pensamentos e comportamentos que estão sendo minimizados, uma banalização da violência. Podem, destaco que podem, ser consequência de acesso a publicações e postagens com discurso de ódio, jogos e games em que após atirar e morrer, é só dar um “reset” ou “restart” e começa tudo de novo. Na vida real não tem como reiniciar, já era !!

Chamo atenção também para uma inversão de valores, que é a remuneração (“moneytização”) por curtidas, “likes” e visualizações, neste casos de violência e ódio. A rápida disseminação é impressionante. Cabe a nós impedirmos e podemos mudar isso, não dando espaço, nem curtidas e likes, a postagens e publicações com conteúdo violento. Vamos parar de valorizar o cancelamento de CPF!

A discussão sobre regulação de mídias sociais e postagens, é difícil e incômoda. Encontrar o equilíbrio entre regulação, proibição e censura é motivo de intensos debates entre os especialistas, meios de comunicação, jornalistas, governos e políticos.

A exacerbação da violência é realidade e vista quase todos os dias em violência e agressão contra mulheres, contra professores e colegas, entre cidadãos comuns, mulheres brigando em saída de escola, homens se engalfinhando por causa de pisão ou arranhão no carro, pessoas em briga generalizada por assento em avião, jogadores se agredindo em campo por provocação de jogo.

A impressão é que estão com “fio desencapado”, logo entram em curto circuito. Recentemente em um programa de TV, vi um local dedicado a extravasar a raiva e estresse (“rageroom”), com uma cabine cercada e isolada, em que a pessoa paga um valor e tem à disposição objetos e acessórios para bater e quebrar, dando vazão aos sentimentos violentos e raivosos que a domina.

Várias iniciativas tentam mudar este modelo tão presente em nossa sociedade, a iniciativa Educação para Paz, é um movimento em que todos nós podemos participar com gestos e atitudes que não custam e trazem uma grande repercussão para o nosso bom e salutar convívio.

Ficou irritado com alguma provocação ou situação, conte até 20 e aproveite para refletir sobre a reação e não responder violência com violência, colocar-se no lugar do outro, ajudar o próximo, ter atitudes de respeito e gentileza. Não se deixar levar pelo imediatismo, ter uma reação inesperada. Vale a pena tentar.

Estamos em uma sociedade em constante transformação e adaptação. Uma metamorfose ambulante. Brincadeiras e atitudes de 30 anos atrás, normais ou não refletidas à época, hoje são consideradas ofensivas e preconceituosas. É comum ouvir que no meu tempo ou na minha época, tínhamos brigas e desavenças. Mas era diferente pois não havia exposição, redes sociais e nem disponibilidade das mais diversas armas, a diferença era geralmente resolvida com luta corporal.

Por isso a regulação das mídias é um tema polêmico e primordial para discussão. O debate não deve ser somente de segurança pública e direitos humanos mas sim com visão de Educação e muitas ações em Saúde Mental. Não podemos admitir a naturalização dos discursos de ódio. Precisamos ouvir especialistas e principalmente os adolescentes, jovens e adultos.

Educação e Cultura para a Paz, o momento exige, a hora é agora!

Leia também: Estudante é flagrado e apreendido com arma de brinquedo em colégio de Telêmaco Borba


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