Em entrevista concedida ao BNT News na manhã desta quarta-feira, a advogada Juliana Scalise Taques trouxe à tona um tema sensível e urgente: o assédio em suas diversas formas. Durante a conversa ao vivo, ela explicou as diferenças entre assédio sexual, importunação sexual e outros tipos de violência, e fez um apelo direto às vítimas: não se calem.
Logo no início da entrevista, a doutora Juliana esclareceu o conceito de assédio como “uma conduta abusiva que atinge a dignidade da pessoa, causando vergonha, humilhação e desgaste emocional”. Segundo ela, existem vários tipos, incluindo o assédio moral, o bullying, a perseguição (stalking), e o assédio sexual – este último frequentemente associado ao ambiente de trabalho.
Assédio x Importunação Sexual
A advogada destacou a diferença entre assédio sexual e importunação sexual. O primeiro, segundo ela, é caracterizado pelo abuso de poder, geralmente no ambiente profissional, quando um superior hierárquico constrange uma subordinada com intenções sexuais. Já a importunação sexual, tipificada no Código Penal desde 2018, ocorre fora da relação de trabalho e envolve atos com fins libidinosos sem consentimento, como passar a mão no corpo ou no cabelo de alguém em locais públicos, como ônibus e metrôs.
“Não é um simples encostar, é o encostar com intenção. É essa nuance que caracteriza a importunação sexual”, explicou.
Cultura do silêncio e vergonha da vítima
Durante a entrevista, a doutora Juliana também abordou o impacto emocional nas vítimas e o motivo pelo qual muitas permanecem em silêncio. “Muitas mulheres se perguntam: ‘o que eu fiz para ele pensar que podia fazer isso comigo?’. Outras sentem vergonha do que os outros vão pensar. Mas é importante reforçar: a vítima não tem culpa. Quem deve sentir vergonha é o agressor”, afirmou.
Ela também destacou que, embora a maioria das vítimas sejam mulheres, homens também podem ser vítimas de assédio e importunação, e igualmente devem denunciar.
Rede de apoio e avanços legais
A advogada ressaltou que há, hoje, uma rede de apoio crescente composta por familiares, instituições e autoridades públicas, além de avanços legislativos que visam minimizar o sofrimento das vítimas durante o processo judicial. Ela mencionou, por exemplo, os cuidados com a forma como a vítima é ouvida, tanto na delegacia quanto no tribunal, para evitar revitimização.
Importância da denúncia
Encerrando a entrevista, a doutora Juliana fez um apelo importante: “Quando uma vítima denuncia, ela impede que aquele agressor atue novamente. É uma corrente do bem. O silêncio perpetua a violência.”
Ela também deixou um convite aberto para que o tema continue sendo debatido em futuras participações no programa: “Existem assuntos que não se esgotam. Esse é um deles. Estou à disposição para continuar esse diálogo com a sociedade”.
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