Ele tinha cara de bunda.
– Como assim?
Assim mesmo, uma expressão facial que se assemelha às duas meias maçãs de uma bunda. Hum, agora a situação das bundas ficou desconfortável! Tão simpáticas, a preferência nacional: um bumbum arrebitado, coisa linda!
A bundinha do bebê conta com os carinhos e as mordidas da mamãe, tão fofa (depois de limpa e com talco, é claro)! Então a “cara de bunda” me deixou com a cara meio feito uma bunda. Talvez pelo excesso de antipatia, a postura apática, ou desgostosa de tudo.
Não é fácil ser uma bunda! Esperando o que tiver que acontecer, vir e liberar, com cara de paisagem (bunda com cara de paisagem) como se nada que tivesse saído lhe dissesse respeito.
Ele tinha cara de bunda! Cara azeda, sempre descontente, que só abre a sua boca para fazer sair coisas ruins, reclamações, azedumes e outros perecíveis, já estragados. Que falta faz o frescor, a suavidade, a beleza de um sorriso. Não, ele não sabe sorrir, tem cara de uma bunda que nunca vai se redimir.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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