Economia

Estudo revela impactos da guerra tarifária global nas exportações brasileiras

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Estudo revela que a guerra tarifária iniciada por Trump impacta indiretamente a economia brasileira, com riscos para exportações e commodities.

Um novo estudo da consultoria Tendências analisa os efeitos da guerra tarifária global iniciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a economia brasileira. Segundo a pesquisa, embora os impactos diretos nas exportações do Brasil sejam limitados, as repercussões indiretas podem ser significativas.

O economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências e responsável pela pesquisa, destaca que as consequências indiretas tendem a ser mais relevantes do que as diretas. Ele alerta para uma provável desaceleração econômica global resultante do conflito tarifário, o que poderá influenciar negativamente as cotações das commodities e aumentar os riscos financeiros e de movimentação de capitais mundialmente. “Os ativos brasileiros seriam os mais prejudicados neste cenário”, afirma Campos Neto.

Inicialmente, havia uma expectativa de que o Brasil se beneficiaria das tarifas impostas pelos EUA, já que a taxa de 10% sobre produtos brasileiros era inferior à aplicada a outras nações. Contudo, essa percepção foi rapidamente desfeita quando, em abril, o governo norte-americano decidiu suspender as tarifas recíprocas por um período de 90 dias, mantendo apenas a taxa mínima para todos os países, exceto a China. Essa mudança eliminou qualquer vantagem competitiva que o Brasil poderia ter desfrutado.

Caminhando para uma análise mais detalhada, Campos Neto observa que as exportações brasileiras para os Estados Unidos não devem sofrer alterações drásticas em sua composição atual. “A pauta de exportações com os EUA não deve ser impactada significativamente”, afirma.

No entanto, o estudo aponta incertezas quanto ao setor agropecuário. Embora existisse a possibilidade de aumento nas exportações de soja, milho e carne bovina — na expectativa de que o Brasil pudesse ocupar espaços deixados por concorrentes americanos — essa perspectiva é contestada. Durante a primeira fase da guerra comercial sob Trump, o Brasil conquistou uma fatia maior do mercado chinês de soja. Atualmente, no entanto, essa dinâmica é menos clara. O Brasil já responde por uma parcela significativa das importações chinesas de soja e enfrenta dificuldades em ampliar essa participação. Além disso, a competitividade do milho brasileiro é limitada pela predominância dos EUA como principal produtor desse grão.

A pressão dos EUA também pode levar outros países a priorizar a compra de produtos agrícolas americanos, o que poderia restringir ainda mais as oportunidades para o Brasil no mercado internacional. Campos Neto expressa preocupação: “Não está claro como o Brasil poderá se beneficiar nesse contexto”.

Em 2022, as exportações brasileiras para os Estados Unidos alcançaram US$ 40,3 bilhões, representando 12% do total das vendas externas do país. Os EUA ocupam a segunda posição entre os destinos das exportações brasileiras, ficando atrás apenas da China. A indústria de transformação respondeu por 78% dessas exportações.

A avaliação do cenário econômico brasileiro diante da guerra tarifária permanece incerta. Campos Neto enfatiza que tudo dependerá das decisões e da postura de Trump e sua equipe nas próximas negociações entre os EUA e a China.

A seguir estão os impactos previstos em diferentes setores:

Produtos Agropecuários

Os países afetados pelas tarifas podem procurar novos fornecedores, potencialmente beneficiando o Brasil devido à sua forte base agroexportadora. Contudo, há risco de os EUA condicionarem acordos comerciais à compra de seus produtos agrícolas.

Etanol

A dependência dos EUA em relação ao etanol importado é bastante baixa (0,2% do consumo), enquanto a participação brasileira nas exportações é mínima (5,5% da produção em 2024). Assim, espera-se um impacto limitado nas exportações brasileiras.

Setor Automotivo

Os efeitos das tarifas sobre este setor são reduzidos devido à baixa relevância das exportações brasileiras para os EUA. No entanto, existe o risco de que o México redirecione suas exportações para o Brasil.

Celulose

O efeito das tarifas neste setor também é considerado limitado. Os EUA são um dos principais destinos das exportações brasileiras de celulose; no entanto, a competitividade do produto brasileiro deve mitigar impactos negativos.

Aeronaves

A incerteza em relação às tarifas exatas para importação persiste. Produtos brasileiros possuem conteúdo americano, podendo resultar em descontos tarifários.

Siderurgia

O Brasil representa uma parte considerável das importações americanas de aço semiacabado (61,4%), indicando espaço limitado para substituições no curto prazo.

Bens de Capital

Os EUA são o principal destino das máquinas brasileiras (28,1%). A taxação pode estimular redirecionamentos para outros mercados na América Latina.

Petróleo e Derivados

Ainda que as tarifas não tenham afetado diretamente esses produtos, a previsão é de queda na demanda global devido à desaceleração econômica.

Setor Químico

Os impactos neste setor são limitados pela menor competitividade da indústria brasileira comparada à americana e pela maior oferta internacional de produtos químicos.

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