A Justiça francesa condenou, nesta quarta-feira (28), o ex-cirurgião Joël Le Scouarnec a 20 anos de prisão por crimes sexuais cometidos contra 299 pacientes, a maioria menores de idade. O julgamento ocorreu no tribunal de Vannes, no oeste da França.
Segundo o processo, que teve início em fevereiro, 256 das vítimas tinham menos de 15 anos. O réu, atualmente com 74 anos, já cumpria pena desde 2020 por condenações anteriores envolvendo duas sobrinhas e uma jovem vizinha. A nova condenação inclui casos ocorridos entre 1989 e 2014.
O Ministério Público havia solicitado a pena máxima de 20 anos, além de medidas complementares de acompanhamento após o cumprimento da pena. A sentença permite a possibilidade de liberdade condicional após dois terços do tempo cumprido.
Durante o julgamento, Le Scouarnec admitiu sua responsabilidade em diversos abusos e declarou ao tribunal que deseja se tornar “uma pessoa melhor”. A investigação foi retomada após a descoberta de anotações detalhadas e material pornográfico em sua residência.
A primeira investigação sobre o ex-cirurgião teve início em 2004, após o uso de seu cartão bancário para acessar conteúdo ilegal. Mesmo após uma condenação por posse de imagens de pornografia infantil, ele continuou a exercer a medicina até se aposentar, em 2017.
As audiências revelaram insatisfação entre as vítimas, que relataram demora e omissão por parte de autoridades médicas e judiciais. Um grupo de vítimas se manifestou em frente ao tribunal com uma faixa representando 355 pessoas afetadas, incluindo casos já prescritos.
O caso gerou repercussão nacional e renovou discussões sobre a atuação das instituições responsáveis pela fiscalização de profissionais da saúde e pela proteção das vítimas.
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