O deputado estadual Moacyr Fadel (PSD) se posicionou favoravelmente à determinação do governo estadual em retirar de circulação das escolas o livro O Avesso da Pele. A declaração foi dada nesta segunda-feira (11), na ALEP.
De acordo com Moacyr, a decisão foi acertada, devido a um recorte do livro que traz linguajar considerado sexual. “Trechos do livro trazem palavras vulgares e erotismo. Não podemos deixar que crianças de 9, 10 e 11 anos tenham acesso a esse livro”, declarou.
Em seu discurso, o parlamentar leu o trecho, que retrata de uma cena de sexo entre um homem negro e uma mulher branca. Veja abaixo o que diz aa obra:
“Acho muito certo o que foi feito pelo secretário de educação e pelo governador Ratinho Júnior. Repudio colocar esta obra para os nossos filhos. A família, a religião e os valores devem vir acima da ideologia e do extremismo”, finalizou Fadel.
O livro
O livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório, foi incluído no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2022, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A obra foi publicada em 2020 e narra a história de Pedro, que teve o pai assassinado em uma abordagem policial.
O racismo é um dos temas abordados no livro, que venceu o Prêmio Jabuti em 2021, considerado o mais importante da literatura brasileira. Entretanto, a Secretaria de Educação do Paraná (SEED) mandou retirar de circulação a obra, devido ao termo citado acima. Veja a nota enviada:
A Secretaria de Estado da Educação do Paraná (Seed-PR) conduz habitualmente revisão dos materiais incluídos no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) literário, inclusive da obra O Avesso da Pele.
A medida visa apoiar os professores no trabalho pedagógico aliado ao currículo e aos objetivos de aprendizagem em cada uma das etapas de ensino a partir do conteúdo exposto nas obras literárias disponíveis.
Ressalte-se que a temática abordada na referida obra literária faz-se primordial, sendo de suma importância no contexto educacional. A análise do livro, porém, mostrou-se necessária pelo fato de que, em determinados trechos, algumas expressões, jargões e descrição de cenas de SEXO utilizados podem ser considerados inadequados para exposição a MENORES DE DEZOITO ANOS (janela etária da maioria dos alunos de ensino médio no Estado). Desta forma, em respeito aos próprios estatutos legais da lei brasileira, de salvaguarda à criança e ao adolescente, no que diz respeito à exposição aos referidos conteúdos, fez-se a medida necessária neste primeiro momento.
Procurada pelo BNT, o Núcleo de Educação Regional de Ponta Grossa confirmou que os livros que estavam disponíveis em escolas da região já foram recolhidos pelo Governo do Paraná.
Críticas
Em sua rede social, o autor do livro divulgou a cópia do ofício paranaense e escreveu que nenhuma autoridade tem o poder de mandar recolher materiais pedagógicos de uma escola: “é uma atitude inconstitucional. É um ato que fere um dos pilares da democracia que é o direito à cultura e à educação. Não se pode decidir o que os alunos devem ou não ler com uma canetada”.
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