A família do menino Anthony Fernando Scheiffer de Araújo, que faleceu aos dois anos devido à meningite meningocócica, acusa o Hospital Materno Infantil (Humai), em Ponta Grossa, de quebra de sigilo médico. Os pais denunciam que os dados do prontuário da criança foram compartilhados com outra família, enquanto eles próprios ainda não haviam recebido o documento.
A mãe de Anthony, Mery Letícia Aparecida Scheiffer, relatou que, ao solicitar o prontuário ao hospital, foi informada de que teria que aguardar o resultado de uma pesquisa. No entanto, os dados médicos do filho foram indevidamente repassados a terceiros, o que gerou indignação. A mãe destacou que o hospital pediu desculpas, mas ressaltou que “só desculpa não resolve” a situação.
A denúncia de quebra de sigilo se agravou após o relato de uma segunda mãe, que também solicitou o prontuário de seu filho no hospital e acabou recebendo, por engano, a documentação médica de Anthony. De acordo com a mulher, ao acessar o arquivo enviado pelo hospital, encontrou uma declaração de óbito e, por um momento, entrou em pânico, pois pensou que algo havia acontecido com seu próprio filho.
Após verificar com mais atenção, percebeu que o nome da criança falecida não correspondia ao de seu filho, embora os primeiros nomes fossem iguais. “Foi um choque. Eu estava com o meu filho nos braços e me deparei com um documento que indicava a morte de outra criança com o mesmo nome. Fiquei apavorada”, relatou.
A mãe que recebeu os dados incorretos também destacou que o procedimento para obter o prontuário exigiu documentação autenticada, incluindo nome completo dos pais e dados pessoais, mas, mesmo assim, houve um erro no envio. “Entreguei todos os documentos corretamente e, ainda assim, recebi informações de outra criança. Isso é muito grave”, lamentou.
Em nota oficial, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), responsável pelo Humai, informou que os envolvidos no possível equívoco foram afastados até a apuração do caso por meio de sindicância. Ainda conforme a nota, a instituição defende o sigilo e a proteção de dados e promete rigor na investigação.
O caso já havia gerado grande comoção em Ponta Grossa após suspeitas de falha no atendimento inicial do menino, que foi diagnosticado como portador de virose e liberado, mesmo apresentando sintomas graves como febre alta, vômitos e dores abdominais. Posteriormente, a criança teve piora e faleceu após ser transferida para o Humai.
A vereadora Marisleidy Rama, que acompanha o caso desde o início, afirmou que cobrará providências sobre a quebra de sigilo e reforçou que esse tipo de erro é inaceitável. A vereadora já havia mobilizado a Secretaria Municipal de Saúde e outros vereadores para garantir uma investigação rigorosa.
A família da criança falecida e a mãe que recebeu os documentos por engano aguardam um posicionamento mais efetivo do hospital e cobram medidas judiciais contra a quebra de sigilo.
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