O caso envolvendo o guru Uberto Gama, que está detido sob suspeita de crimes de violência sexual, ganhou novos desdobramentos com a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR). As acusações incluem não apenas estupro de vulnerável, mas também violência psicológica e tortura, refletindo um padrão preocupante de abuso que se estende por mais de duas décadas.
Segundo as investigações, Gama, de 63 anos, utilizava sua posição como líder espiritual para manipular e dominar suas vítimas, muitas das quais eram menores de 14 anos na época dos fatos. A promotora Tarcila Santos relatou que ele organizava casamentos entre os seguidores do grupo que liderava, estabelecendo um controle significativo sobre suas vidas pessoais e profissionais.
No total, foram identificados pelo menos 20 novos crimes sexuais cometidos contra 16 vítimas. As acusações contra Gama incluem 12 casos de violação sexual mediante fraude, três episódios de violência psicológica contra mulheres e quatro casos de estupro de vulnerável. Além disso, ele é acusado de tortura, caracterizada por submeter pessoas sob sua autoridade a intenso sofrimento físico ou mental.
A promotora detalhou que o guru empregava uma estratégia psicológica complexa para manter seu domínio sobre as vítimas. Ele as convencía de que estava escolhendo-as para receber sua “energia espiritual”, insinuando que os atos que cometia eram parte de um processo de elevação espiritual. Esse discurso era reforçado com apelos emocionais que exploravam as vulnerabilidades das vítimas, fazendo-as duvidar de si mesmas e das suas necessidades.
As investigações começaram após cinco vítimas denunciarem Gama ao MP. Inicialmente, ele respondia apenas por violação sexual mediante fraude. Contudo, com a repercussão do caso, outras mulheres se apresentaram relatando experiências semelhantes, levando à ampliação das acusações.
Uberto Gama foi preso em abril deste ano em Florianópolis durante uma operação do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco). Desde então, o processo segue sob sigilo judicial enquanto novas evidências continuam a ser coletadas.
O MP-PR encoraja outras possíveis vítimas a se apresentarem e denunciarem quaisquer abusos sofridos. Elas podem procurar ajuda no Núcleo de Apoio à Vítima de Estupro (Naves), localizado na Rua Marechal Hermes, 751, 5º andar, ou entrar em contato pelo telefone (41) 3250-4022 e pelo e-mail [email protected].
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