Ponta Grossa despediu-se na
quinta-feira (24) do radialista Guilherme Nicolau Abibe, mais conhecido como
Abib Filho. Ele tinha 76 anos e faleceu na manhã daquele dia, no Hospital
Regional dos Campos Gerais. Há anos havia transferido residência para Rio Azul,
município próximo a Irati, no centro-sul do Estado.
Trabalhou em vários prefixos,
exceto Rádio Clube Ponta-grossense, antes PR-J2. Na verdade, a Clube foi a
única em que ele não ‘falou’. Mas lá trabalhou quando tinha 15 anos. Era uma
espécie de menino de bastidores, fazendo rádio escuta e anotando resultado de
jogos; anotava e levava até o estúdio e entregava ao locutor, sem dar um ‘pio’ .
Foi o que ele contou ao também radialista, não menos popular, Nelson Ribeiro da
Silva, amplamente conhecido como Chocolate.
Nelson ‘Chocolate’ conta que trabalhou
com Abib Filho na rádio Santana, na qual Abib era diretor artístico e apresentador
do programa “Alma Brasileira”, isso na década dos anos 1970. “Pensaram que eu
não vinha? Só loco… Chocolate lembra o bordão por que Abib ficou conhecido.
Mas há outro criado por Abib.
“Urna
aberta, notícia no ar”
Quando o voto era impresso e as urnas eram abertas no
Ginásio Borell Du Vernay. Repórteres acompanhavam as mesas de apuração e,
também, ficavam atento nos quadros em que eram afixadas as planilhas com os números
de votos e os nomes dos candidatos. Assim que recebia o chamado externo,
entrava no ar com o “urna aberta, notícia no ar”. Mesmo depois que deixou de
acompanhar as apurações das eleições, o seu bordão continuou a ser pronunciado,
então pelos colegas de profissão.
O amigo Chocolate declara que aprendeu
muito convivendo com Abib. Comenta que foi chamado por Abib, para
anunciar as chegadas e saídas de ônibus no terminal rodoviário, onde ele era o
responsável pelo serviço de alto-falante.
O jornalista e radialista Osni Gomes,
com passagens pelos jornais ponta-grossenses A Notícia e Jornal da Manhã, e os
curitibanos Tribuna do Paraná e Estado do Paraná, também se manifesta altamente
pesaroso com a perda do amigo em suas redes sociais. Ele, Osni conta que Abib
foi o responsável pela sua escalada como noticiarista.
“Era uma tarde qualquer no comecinho dos anos
1970. Estava andando com destino a 13ª Subdivisão Policial (que ficava ao lado
da catedral), já nas proximidades do Quartel General da 5ª Brigada de
Infantaria Blindada, onde ia fazer a coleta diária de material policial para o
Jornal da Manhã, quando um fusca laranja para e vejo o motorista Abibe Filho me
interpelar: ‘Osni! Preciso falar com você! ‘
“Conhecia o Abibe da Academia,
onde frequentávamos o ensino técnico comercial, conhecido na época como Técnico
em Contabilidade. Era o ensino médio, para nos habilitarmos ao vestibular
universitário. Estávamos na mesma turma. Foi então que o Abibe me convidou para
ser locutor noticiarista da Rádio Emissora Sant’Ana, onde ele era diretor
artístico.
Eu vinha de uma frustrada passagem pela Rádio Vila Velha AM, onde fui
dispensado pelo Iraci Travisani Rosa porque não era bom na leitura de
noticiários.
Recusei a oferta do Abibe,
explicando os meus motivos. Mas ele insistiu: ‘que nada, lá na Sant’Ana você
poderá gravar os noticiários, temos um bom estúdio de gravação e você vai
aprender bem a técnica dos noticiários. Depois de alguma insistência acabei
cedendo e fui trabalhar na Sant’Ana, conciliando os horários com a redação do
Jornal da Manhã”
Em rede social, Osni Gomes escreve:
“E imagino que você está chegando lá no céu e abrindo o microfone da alegria,
dizendo alegremente: ‘ Ahhhaaaa!!! Pensaram que eu não vinha?!!!
“Vai Alma Brasileira e sorva o Mate Amargo
celestial que você merece”.
Esse mate amargo deve estar sendo
sorvido ao lado de velhos amigos: Altair Ramalho, Elvio Berger, Nelson Lopes, Ney
Costa, Pedro Adalberto, Marcelo Martins, Haroldo Martins (Martan), Téo Duarte, Rogério Sermann e
tantos outros que emprestaram suas vozes aos microfones, que foram levadas para a toda Campos Gerais.
(vídeo/arquivo Nelson Ribeiro da Silva)
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