Em requerimento ao governador
Ratinho Jr., os deputados de oposição na Assembleia Legislativa do Paraná
pediram a suspensão imediata do processo de venda da Copel. A desestatização e
entrega do controle à iniciativa privada da empresa está prevista no projeto de
lei 493/2022, encaminhado segunda-feira (21) pelo governador ao Poder
Legislativo. Com a finalidade de barrar a venda, a bancada também vai recorrer
ao Ministério Público do Estado (MP-PR), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e
Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A privatização da estatal faz parte de um pacote de 17 projetos enviados nesta
segunda-feira pelo governo Ratinho Jr. à Assembleia, em regime de urgência. Nas
mensagens, o governo propõe a criação de nove novas secretarias e 493 novos
cargos comissionados; aumento no ICMS; também a terceirização no sistema
penitenciário, entre outros.
Líder da oposição, o deputado Arilson Chiorato (PT) alertou que o governador
Ratinho Jr. está vendendo o bem mais valioso do povo do Paraná. “Passada a
eleição, estamos discutindo a privatização da principal empresa pública do
Paraná. Quero lembrar o quanto o setor de energia é estratégico para o Paraná,
e a privatização da Copel vai acarretar em uma série de impactos para o Estado.
Ao entregar o controle da Copel, o governador vai abrir mão do bem mais valioso
do Paraná. A distribuição de lucro da Copel saltou de R$ 421 milhões para R$
3,1 bilhões no ano passado. Essa desculpa que precisa privatizar para obter
recursos para o Estado, não é verdadeira. O que precisa é entendimento de
quanto é importante para o desenvolvimento do Estado”.
Arilson ressaltou que na última sexta-feira, véspera do anúncio, houve uma
movimentação atípica das ações da Copel na bolsa de valores e que, com a
privatização da empresa, o povo do Paraná vai ficar a reboque dos interesses da
especulação financeira. “Na sexta-feira a movimentação das ações da Copel na
bolsa de valores disparou. Alguém está ganhando dinheiro com isso! Quem soltou
esta informação para o mercado antes do tempo? Quem está fazendo isso com o
povo paranaense? Vender a Copel é literalmente roubar o patrimônio do povo
paranaense. Vamos à CVM denunciar o vazamento de informações privilegiadas, o
que é crime. Nós construímos esta empresa pública, com esta magnitude, ao longo
do tempo, em vários governos, e a Copel se tornou orgulho do povo paranaense. E
a Copel não será mais nossa! Ficaremos a reboque da especulação financeira, e a
hora que tiver que aumentar a tarifa e sacrificar o povo, não terão um pingo de
sensibilidade. A gente precisa ter bom senso: água, luz, petróleo, dados, são
serviços de Estado. Por que o Ratinho Jr. não falou isso na campanha? Porque o
povo paranaense não compactua com a venda da Copel!”
Líder do PT, o deputado Tadeu Veneri disse que a venda da Copel contradiz uma
promessa de campanha do governador, que garantiu que não iria vender a
companhia. “Não tem sentido o que está se pretendendo fazer com a Copel. A
mesma Copel que o governo estadual diz que precisa capitalizar vendendo parte
da empresa, vai fazer uma distribuição de R$ 970 milhões de reais de juros
sobre capital. O que está de fato se pretendendo é vender parte significativa
da Copel. O governador afirmou durante a campanha que não iria vender a
Sanepar, não iria vender a Copel. Porém, já vendeu a Compagás, vendeu a Copel
Telecom e quer privatizar os presídios. Dizer que não vai fazer e depois de
eleito fazer diferente é contraditório”.
Para o deputado Goura (PDT), a venda da Copel é uma decisão “absurda”. Ele
lembrou que diversos países do mundo estão fazendo o movimento contrário, de
reestatização dos serviços de água e energia, e que Ratinho Jr. vai entrar para
a história como o governador que entregou o patrimônio do povo do Paraná à
iniciativa privada.
“O governador se aproveita deste momento de Copa do Mundo,
de rescaldo das eleições, para avançar em um projeto que estamos alertando há
bastante tempo, de privatização da Copel. É um despropósito, uma coisa absurda.
É importante lembrar que vários países do mundo que privatizaram energia e água
estão em processo de reestatização, pois são serviços que devem servir a lógica
do interesse coletivo, e não privado, de acionistas. Estamos falando de uma
empresa histórica, não mostra apenas falta de visão estratégica sobre a
soberania energética, mas também um profundo desrespeito e desconhecimento da
história paranaense. O governador será lembrado como aquele que entregou
ativos, que entregou bens do povo do Paraná para a iniciativa privada. Vamos
lutar contra isso de todas as formas, políticas, legislativas, e se for o caso
inclusive judiciais”.
Já o deputado Professor Lemos (PT) destacou que a venda da Copel é um ataque
brutal ao povo do Paraná. “Quando Bento Munhoz propôs a criação da Copel, foi
porque o Paraná tinha empresas privadas que não davam conta de fornecer energia
elétrica para o desenvolvimento do Estado. A Copel teve lucro líquido ano
passado de R$ 5 bilhões, uma empresa que dá lucro, que foi criada para
desenvolver o Paraná. Neste momento, o governador usa a mesma justificativa que
Lerner usou nos anos 90, de modernizar, de ampliar a competitividade, para
vender a Copel! O governador é passageiro, fica só por mais quatro anos, mas a
Copel é permanente, é dos paranaenses. A Copel não pode ser entregue para o
mercado!”
Segundo o deputado Requião Filho (PT), a venda da empresa é um bom negócio para
alguém, menos para a população do Paraná. “Acredito que o Ratinho deva estar
fazendo um bom negócio para alguém, mas não para o Estado do Paraná. O mundo
está revertendo as privatizações em água e energia, mas aqui nossa conta ficará
mais cara para as indústrias, para o agro, para as empresas e para as famílias
paranaenses. Na sequência, os investimentos vão diminuir. Alguém está enchendo
os bolsos de dinheiro. Na última sexta-feira tivemos uma movimentação atípica
nas ações da Copel. Alguém sabia e ganhou muito dinheiro com essas especulações
do mercado. Lutaremos para que a Copel continue sendo do povo do Paraná.”
A deputada Luciana Rafagnin (PT) também se mostrou preocupada com a
privatização da companhia. “Gostaria de deixar claro que somos contra a
privatização da Copel. Aliás, a pergunta é: por que o governo quer vender uma
empresa que está dando lucro? Esse é o nosso questionamento. Na campanha, ele
não defendeu o Estado mínimo, não deixou claro isso, e agora está privatizando
a Copel, a Sanepar, a educação, os presídios. É muito preocupante a maneira
como o governador está conduzindo o Estado!”