Coluna

Policarpo, por Renata Regis Florisbelo

Policarpo comia de tudo. Era um bicho desengonçado e lento. Já estava na casa havia uns cinco anos. As crianças estranharam, disseram que era esquisito. Por que não um cachorro ou um gato? Logo uma tartaruga pré-histórica. Passado algum tempo, perceberam a semelhança entre o Policarpo e o dono da casa, este último pesado, lento, cara apática e somente preocupado em comer, pastel, pizza, frango assado, feijoada. O Policarpo sempre rondava o comilão durante seus variados lanches a qualquer hora do dia ou da noite e passou a ganhar e a comer de tudo que o moço comia.

Numa madrugada, o homem teve um mal súbito e morreu. A casa passou alguns dias no tumulto do velório, enterro e visitas de condolências. Só se deram conta pelo mau cheiro, um odor de coisa podre vinha do canto da sala de televisão. Policarpo já estava em decomposição.

Autoria: Renata Regis Florisbelo

Leia também: Vereador de Carambeí se envolve em batida na BR-376 em PG


Renata Regis Florisbelo

Renata Regis Florisbelo

É escritora, autora de 16 livros (o 17º já esta em trabalho de parto) e catalisadora cultural. Divulga poemas curtos, diariamente, nas redes sociais desde 2014. Tem mais de 690 textos publicados nos veículos de comunicação dos Campos Gerais, incluindo os vídeos com leituras interpretativas autorais produzidos para o BNT. É integrante da Academia de Letras dos Campos Gerais, do Centro Cultural Professor Faris Michaele (atual presidente), da Academia Ponta-grossense de Letras e Artes, do Centro de Letras do Paraná e patronesse da Academia de Letras do Centro do Paraná. Encontra na arte seu nicho por onde desvelar seu melhor olhar para o mundo.

Comentar

Clique aqui para comentar

BNT Vídeos

Quer receber as Newsletter BnT?

Cadastre-se e receba, um email exclusivo com as principais noticias produzidas pela equipe do Portal Boca no Trombone