Ponderei que tua partida não teve uma porta de partida, sequer te vi sair por uma porta. Ficou a imagem do teu sangue a se espalhar pela casa e já era impossível não compreender que a partida era sim coisa irremediável. A porta que não te levou. Dentro de casa, esta mesma que te abrigava, tantas portas têm. Nas histórias de amor, os personagens se deixam envolver em tramas e quando tudo acaba lá estão as tais portas a serem atravessadas sem serem sequer olhadas. Foi o anteontem que se esqueceu de se deixar assentar e marcar nas memórias das pessoas. Em cada porta deveria viver possibilidade de tudo, dos encontros, dos reencontros, das chegadas, das despedidas. Não houve uma despedida, não houve uma porta de partida. As canções que marcam o que atrás de cada porta ficou marcado, vivido, aquilatado. Imagino se um dia virás em sonho ou pensamento, com as mãos se despedindo, um beijo final de quem está partindo. Para adiante de uma porta depois do imenso saguão verei você sumindo.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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