A Rússia voltou a alertar sobre o risco de um conflito nuclear global caso a Ucrânia, com apoio da OTAN, tente recuperar as regiões atualmente sob ocupação russa. O aviso foi feito por Vladimir Medinsky, assessor do presidente Vladimir Putin e chefe da delegação russa nas negociações de paz, segundo a agência estatal russa TASS.
De acordo com Medinsky, um acordo de paz definitivo — e não apenas uma trégua temporária — seria a única forma de evitar uma escalada que poderia resultar na aniquilação global. “Se houver tentativa de reconquistar esses territórios, será o fim do planeta, será uma guerra nuclear”, declarou o representante do Kremlin.
Rússia propõe acordo com condições rígidas
O governo russo reafirmou suas exigências territoriais como pré-requisito para qualquer cessar-fogo. Entre os pontos destacados está o reconhecimento oficial da anexação das regiões de Crimeia, Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia — que juntas somam cerca de 20% do território da Ucrânia, equivalente a aproximadamente 113 mil km².
Além disso, Moscou exige a retirada total das tropas ucranianas desses territórios e impõe a realização de novas eleições na Ucrânia em até 100 dias, em um movimento que visa substituir o atual presidente, Volodymyr Zelensky. O mandato de Zelensky terminou em maio de 2024, mas ele permanece no poder devido à Lei Marcial, instaurada desde o início da guerra em 2022.
Rússia avança em território ucraniano
Enquanto as negociações continuam emperradas, o conflito segue intenso. Neste fim de semana, a Ucrânia informou ter abatido 460 drones e diversos mísseis durante um dos maiores ataques russos já registrados contra Kiev.
Em resposta, Moscou anunciou novos avanços territoriais, incluindo a conquista de áreas na região de Dnipropetrovsk e movimentações militares significativas em Sumy, no nordeste da Ucrânia. Relatórios baseados em mapas de fontes pró-ucranianas indicam que a Rússia recuperou cerca de 450 km² em maio, marcando o avanço mais rápido em pelo menos seis meses.
Impasse persiste
Mesmo com as ameaças e propostas, o governo ucraniano segue rejeitando qualquer acordo que implique a perda definitiva de parte de seu território. A proposta russa prevê ainda o fim das sanções econômicas entre os dois países, caso Kiev aceite os termos do Kremlin.
Especialistas veem as exigências como praticamente inaceitáveis para a Ucrânia e seus aliados ocidentais, o que torna o cenário para uma resolução diplomática ainda mais distante.
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