O uso da inteligência artificial (IA) como ferramenta para fortalecer a segurança patrimonial foi tema de uma audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (10), no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). O evento reuniu representantes do setor empresarial e de órgãos do governo estadual para apresentar soluções tecnológicas voltadas ao aprimoramento das ações de segurança pública.
A iniciativa foi proposta pelo deputado estadual Alexandre Amaro (Republicanos). Durante o encontro, ele destacou a importância da aplicação de tecnologias interligadas para enfrentar a escassez de efetivo policial em várias regiões do estado.
O secretário estadual de Inovação e Inteligência Artificial, Alex Canziani, destacou as ações do governo estadual, como a mudança no nome da pasta – anteriormente Secretaria de Estado da Inovação, Modernização e Transformação Digital – que passou a se chamar Secretaria de Estado da Inovação e Inteligência Artificial (SEIA), conforme lei aprovada em março deste ano.
Canziani também mencionou a criação do Conselho Estadual de Inteligência Artificial (COIA), que orienta a aplicação da legislação estadual sobre o tema, e a realização de programas de capacitação em IA para servidores públicos.
Representando a Secretaria de Segurança Pública (Sesp/PR), o coronel Dalton Gean Perovano, coordenador de Planejamento Estratégico e Grupos Vulneráveis da PMPR, relatou que a inteligência artificial tem contribuído para a redução de crimes como homicídio e feminicídio. O último apresentou queda de 8,33% no primeiro quadrimestre de 2025, após um aumento de 34% em 2024.
Entre as iniciativas destacadas por Perovano estão: câmeras de reconhecimento facial, boletins de ocorrência integrados e o monitoramento eletrônico por tornozeleiras para o programa “Mulher Segura”.
O perito criminal Evandro Luiz Lustre, do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC), informou que a Sesp/PR está finalizando tratativas para a aquisição de novas câmeras com reconhecimento facial, em parceria com 120 municípios. Os dispositivos poderão ser usados na leitura de placas de veículos e identificação de comportamentos suspeitos, como em assaltos.
Durante a audiência, empresários apresentaram soluções desenvolvidas para o setor. O CEO da HGN Corretora de Seguros, Heros Holub Sandano, defendeu o uso de algoritmos para analisar dados históricos de criminalidade e apoiar a formulação de estratégias de segurança. Ele também ressaltou a importância de regulamentações que assegurem a privacidade da população.
Chen Gilad, CEO da empresa Haganá, apresentou um sistema de câmeras utilizado em São Paulo que contribuiu para a resolução de um caso de atropelamento com fuga. Ele chamou a atenção para o desafio dos alarmes falsos gerados por sistemas não integrados e defendeu maior compartilhamento de dados entre o setor público e o privado.
Felipe Szpigel, vice-presidente da Positivo Tecnologia, detalhou o desenvolvimento de câmeras voltadas para salas de aula, com algoritmos capazes de identificar comportamentos como uso de celular, brigas e presença de armas.
O CEO da Israel Agency, Miguel Nicolaevsky, compartilhou experiências de uso da IA em Israel, como a redução de 60% nos casos de vandalismo e aumento de 45% na eficiência de resposta aos crimes. Ele também destacou o uso da tecnologia para identificação de problemas urbanos, como calçadas danificadas, e sua aplicação em supermercados, condomínios e situações de emergência.
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