Hoje, 24 de setembro, é uma data muito triste, aliás, é o dia mais triste de minha vida. Há exatamente dez anos atrás, o maior jornalista político da história de nossa cidade nos deixou e ficou um vazio imenso em meu coração. Meu pai querido, meu herói, meu exemplo.
Era uma terça-feira, e eu jamais estaria preparado para aquele momento. Ainda tínhamos tanto para fazer, meu caro. Ainda precisava aprender tanto contigo meu “véio”. Precisava te dar muitos abraços ainda, muitos beijos na sua bochecha. Tantos jogos do Operário para irmos, o senhor não viu o nosso time ser campeão; mas me ensinou coisas que para mim é como se fôssemos os maiores entendidos de futebol do mundo.
Na política, meu velho, então, nessa área você era o cara! E desde a eleição presidencial de 1989,o qual acompanhei o seu trabalho de perto, pois sempre fui o seu parceiro, desde menino, aprendi muita coisa contigo. Lembro o quanto você realmente amava o que fazia, posso dizer que tive o melhor professor de cidadania do universo. Aliás tenho certeza disso. E o senhor faz uma falta para nossa cidade.
Jamais esquecerei de nossos churrascos, todo mundo te rodeava e te admirava. Lembro também de quando eu era mais jovem e o senhor me levava junto na Rádio Clube, para atender aos telefonemas de seus ouvintes, das músicas antigas que ouço e gosto até hoje. Hj tenho até um
programa próprio meu pai, espero que esteja orgulhoso, ele se chama Clube Rock Light, é todo sábado a noite. Me tornei inclusive líder de audiência, e o que eu não daria para falar isso pessoalmente para o senhor, e duvido que nossos olhos não dariam uma lacrimejada.
Queria também que o senhor tivesse acompanhado o trabalho que realizei junto aos trabalhadores que mais precisavam, meu velho. Todo dia conseguia ajudar alguém, meu pai. Implantei e geri serviços extremamente simples, que todo mundo achava complicado, e estas práticas contribuíram para beneficiar toda uma coletividade e dava até entrevistas para a televisão. E esta é uma das coisas que eu tenho certeza que até o senhor iria me elogiar, mas não pude desfrutar desse momento.
Lembro também das broncas que eu levei, (e foram tantas). Das vezes em que ia mal na escola, colégio ou faculdade e o senhor ressaltava que eu deveria estudar, e o senhor estava cheio de razão, pois os anos que perdi realmente fizeram muita falta, e não voltaram mais.
Poxa, meu velho, queria tanto se desculpar pelas minhas inúmeras falhas de juventude. Já não sou tão jovem assim meu pai, tenho 46 anos, e muitas vezes ainda me sinto uma criança perdida com sua ausência. Sou um homem casado, pai de família e com um filho de 27 anos, tenho meu próprio caminho; porém cada dia que passa você me faz mais falta meu amigo. Nenhuma homenagem que eu lhe preste fará jus ao que você merece. Só quero que saiba que, esteja onde estiver, que eu te amo, e sempre te amarei, e farei tudo para honrar seu nome. Seguirei seus conselhos e seus ensinamentos por toda a minha vida, para que um dia eu possa ser algo próximo do que o senhor foi.
Grande beijo e um abraço apertado, meu pai; tão apertado quanto está meu coração neste momento.
JOHN ELVIS RIBAS RAMALHO É RADIALISTA, COLUNISTA E BACHAREL
FILHO DO RADIALISTA, JORNALISTA E ADVOGADO ALTAIR RAMALHO
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