Uma carta manuscrita e assinada pela ‘Massa Carcerária’ da Cadeia Pública Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, denuncia uma situação alarmante: a ausência de atendimento médico adequado e a negligência diante de casos graves de saúde entre os detentos. O conteúdo da carta, obtido com exclusividade pelo jornalismo do Portal Boca no Trombone (BnT), aponta para uma possível crise sanitária dentro da unidade prisional.
Entre as principais acusações, os presos afirmam que há casos de tuberculose em estágio avançado sendo tratados apenas com analgésicos. “A enfermagem na cadeia só dá remédio pra dor e retorna os mesmos para o convívio em meio à massa carcerária, arriscando a contaminação dos demais detentos”, relata um trecho do comunicado.
O apelo é dirigido a órgãos estaduais de saúde e ao sistema penitenciário paranaense, na tentativa de romper o que classificam como descaso generalizado. “Pedimos uma ajuda, uma solução, uma resposta do Estado, pois dos órgãos internos não estamos obtendo êxito”, denunciam.
Risco para além dos muros
A carta chama atenção também ao risco de contágio entre familiares que frequentam o local durante dias de visita. A falta de protocolos de isolamento para doentes, aliada à estrutura precária da unidade, expõe não apenas os presos, mas toda a comunidade envolvida com o sistema prisional.
O texto, assinado como “massa carcerária Hildebrando de Souza”, diz que a situação vem se agravando dia após dia e afirma que “não há estrutura médica adequada” para atender a demanda.
Clamor por dignidade
“Sabemos que erramos, mas estamos pagando por nossos erros. Pedimos ajuda”, diz a carta em tom de apelo. Os presos finalizam o texto agradecendo a atenção e reafirmando que sua intenção é buscar uma solução pacífica e legal para o que consideram um problema de vida ou morte.
A denúncia reacende o debate sobre as condições de encarceramento no Brasil e desafia o Estado a cumprir seu papel constitucional no cuidado com a população privada de liberdade.A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Cadeia Pública de Ponta Grossa Hildebrando de Souza para esclarecimentos.
Em nota, a Polícia Penal do Paraná informou que a Cadeia Pública Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, mantém protocolos rigorosos de vigilância, prevenção e tratamento de doenças, com atenção especial à tuberculose. Atualmente, a unidade registra quatro casos em tratamento ativo, acompanhados por equipe técnica e em fase final de recuperação.
Segundo o comunicado, a unidade realiza anualmente campanha de rastreio de sintomáticos respiratórios e segue as orientações do Departamento de Infectologia do Município, bem como do pneumologista responsável pelo acompanhamento clínico. Conforme protocolo vigente, não há exigência de isolamento físico para os casos ativos desde o período anterior à pandemia, sendo priorizado o monitoramento e testagem dos contatos próximos dos diagnosticados.
Além disso, o unidade informou que também está em andamento o projeto “Saúde e Bem-Estar no Cárcere”, que já realizou atendimentos em duas galerias, alcançando 100 internas e 115 internos, reforçando o compromisso institucional com a saúde e a dignidade da população privada de liberdade.
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