O município de Arapoti, na região dos Campos Gerais, que está entre os líderes na produção de mel no Brasil, sedia na segunda-feira (15), a partir das 8 horas, o 2º Seminário de Apicultura: Rumo ao Sucesso. O evento marcará o início de diversas ações para o setor, frutos da parceria entre o Sebrae/PR, Prefeitura e Arauco. Com o apoio do Sicredi, o seminário está com as inscrições abertas, é gratuito e aberto ao público.
Entre as ações a serem implementadas para o desenvolvimento sustentável da apicultura em Arapoti, estão a criação de uma marca coletiva para os produtores locais, cursos de capacitação em boas práticas e consultorias especializadas. Essas medidas visam não apenas aumentar a produtividade dos apiários, mas também promover a padronização da produção e facilitar o acesso ao mercado através da marca coletiva. As ações têm vagas limitadas a 20 apicultores.
“A marca coletiva não só fortalecerá a identidade dos produtores locais, mas também abrirá portas para uma maior visibilidade e reconhecimento no mercado”, explica a consultora do Sebrae/PR, Mariana Santana Scheibel.
Na programação do evento estão previstas uma palestra sobre cooperativismo da Capal Cooperativa Agroindustrial, além da participação do Sicredi e do Banco do Brasil, que vão apresentar as linhas de crédito específicas para a apicultura. O Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR) marca presença, com instruções para a elaboração de projetos para a captação de recursos específicos para o setor.
“Com o apoio de parceiros estratégicos e um planejamento focado em segurança, mercado, produção, associativismo e parcerias, Arapoti busca não apenas consolidar sua liderança na produção de mel, mas também se consolidar como referência em apicultura”, diz.
A secretária Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Arapoti, Sandra Miller, diz que o trabalho realizado até o momento, que inclui a organização do setor, foi o incentivo para que a Prefeitura buscasse alguns selos, a exemplo do Serviço de Inspeção Federal (SIF). A certificação é responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal comestíveis e não comestíveis, destinados ao mercado interno e externo, bem como de produtos importados. Outro pleiteado é o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Artesanal e de Pequeno Porte do Paraná (Susaf/PR), que possibilita que agroindústrias ampliem seus mercados a todas as regiões do Paraná.
“Esperamos que estes selos tragam de fato a indústria do mel para Arapoti, pois temos os produtores, mas o envasamento do produto é feito em outras cidades. Acreditamos que em breve teremos esses selos e poderemos discutir a criação da Casa do Mel”, comenta.
O projeto
O projeto junto aos apicultores está sendo desenvolvido no município há um ano, fruto de uma parceria entre Sebrae/PR e Arauco. Com a realização do primeiro seminário, foi possível elencar as principais oportunidades, desafios e ameaças do setor. Essas informações foram utilizadas por um comitê, formado após o seminário, para a elaboração do planejamento estratégico para o setor, no qual foi possível definir valores, missão e visão do grupo, além dos pilares de atuação como segurança, mercado, produção, associativismo e parcerias.
No campo
Há 10 anos trabalhando como apicultor, Ademir Nunes Xiriqueira acredita que a organização do setor é um grande passo e que pode trazer benefícios aos produtores. Hoje, sua produção, de 6, 8 mil quilos por ano, é comercializada diretamente para os chamados “atravessadores”.
“A gente percebe que a atividade vai muito além de só produzir o mel, envolve outras questões, como o manejo e as boas práticas para se ter uma alta produtividade. Esse movimento é muito importante para o setor e certamente trará muitos benefícios”, afirma Xiriqueira.
Apicultor há 50 anos, vice-presidente da Associação de Apicultores Campos Florindos (Aapicaf) e membro do Comitê de Apicultores, Ismael dos Santos Costa, afirma que é preciso acompanhar as mudanças do setor e buscar capacitações. Para ele, umas das principais dificuldades está na comercialização do produto, hoje repassado para “atravessadores”, o que causa a desvalorização do mel.
“Sabemos produzir mel, mas não sabemos vender. Acredito que com a marca coletiva será possível buscarmos mercado de forma mais assertiva. Por outro lado, a assessoria em campo vai nos permitir aumentar a produção. Tudo isso vai agregar valor ao nosso produto”, considera.
Produção
De acordo com publicação da Agência Estadual de Notícias, que traz dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, o Estado tem a segunda maior produção de mel do País. Naquele ano, o Paraná produziu 8.638 toneladas, contribuindo com cerca de 14% do volume nacional, de 60.966 toneladas. A produção de 2022 representou 2,6% a mais comparativamente à safra de 2021, cujo volume atingiu 8.418 toneladas. Com 9.014 toneladas, o Rio Grande do Sul é o primeiro produtor. No ranking paranaense, destacam-se o Norte Pioneiro e os Campos Gerais. Os maiores produtores nacionais são os municípios de Arapoti (991,7 toneladas) e Ortigueira (825 toneladas).
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