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Advogado de PG consegue absolvição de homens flagrados com maconha

Decisão foi confirmada na quinta-feira (1°). Caso aconteceu em outubro de 2022

Foram absolvidos pela Justiça de Ponta Grossa através da 3ª Vara Criminal, na quinta-feira (1°), Glauber Bogarin Antunes de 24 anos e Valerio Muller Junior de 40 anos, flagrados com 309,5 quilos de maconha em outubro de 2022. O caso aconteceu quando eles em um veículo Toyota Corolla foram acusados de serem possíveis batedores do automóvel Fiat Palio Weekend que transportava a droga e era conduzido por Jacil Colodel da Cruz de 37 anos. Após decisão judicial, ficou claro que Glauber e Valerio não sabiam que Jacil transportava a droga.

Os três foram abordados em um posto de combustíveis de Tibagi, localizado no quilômetro 524 da BR-376. O entorpecente estava sendo transportado de Campo Grande (MS) para o litoral de Santa Catarina.

À reportagem do Portal Bnt Online, o advogado de defesa Luis Carlos Simionato Junior, dos dois homens absolvidos, destaca que a justiça vez o correto. “Foi consagrado os princípios da ampla defesa, contraditório, e as testemunhas avuladas pelo Ministério Público. Nada sabiam, não puderam elucidar o fato como deixa bem claro a denúncia. Então não basta só acusar, precisa realmente comprovar de maneira correta e principalmente dentro de um devido processo legal”.

Para chegar na absolvição de Glauber e Valerio, vários pontos foram destacados. As defesas alegaram que a análise da central multimídia do Toyota Corolla foi realizada sem autorização judicial ou do réu, e de que a busca veicular se originou tão somente de denúncia anônima. Além disso, relatam que a vigilância operada pelos policiais foi por um curto período, e que, por conta disso, não poderia ser considerada como investigação.

“No caso dos autos, os policiais receberam a informação de seu superior de que dois veículos estavam transportando grande quantidade de entorpecente. O informante repassou o modelo dos veículos, suas placas, e a função que cada um estaria. Então, duas equipes policiais se posicionaram próximo ao restaurante Bife em Pé no Km 473 da Rodovia 376, para fazer vigilância aguardando os veículos”, destaca o documento.

Os veículos passaram pelo local onde os policiais estavam e foram seguidos. Os policiais relatam que os veículos estavam com aproximadamente 10 minutos de distância um do outro. “Quando as equipes receberam ordem para abordar os veículos, o Corolla entrou no posto Pelanda para abastecer, local em que foi abordado. De acordo com os relatos do policial Simeão, o veículo Palio estava entrando no mesmo posto, momento em que foi abordado”. Mas, em outro ponto, os policias constataram que Glauber realizou chamada para Jacil.

Interrogatórios

Além dos interrogatórios dos policiais, Glauber, Valerio e Jacil também foram ouvidos. Glauber que é amigo de Valerio estavam indo para Santa Catarina. “Alguns dias antes no jogo de futebol, eu comentei com o Jacil que iríamos viajar, e ele teve interesse em ir também, mas quis ir no carro dele. Chamou eu para ir no carro dele, mas eu já tinha combinado de ir com o Valério. Jacil quis ir meio junto para irem para festas. Comentou numa roda de amigos e ele se convidou para ir. Durante o trajeto, foram abordados pela polícia, onde o Jacil foi encontrado com drogas no carro dele, porém, eu e Valério não fazia a mínima ideia de que ele estava transportando droga. O Valério nem conhece o Jacil. Durante a viagem, o Jacil ligou para mim, para perguntar se eu já tinha chegado, porque estavam meio com pressa. Tinham combinado de chegar e fazer um churrasco e foram surpreendidos com o Jacil com um monte de droga no carro. Não tenho envolvimento nenhum com a droga e o Valério também não”, declara Glauber em interrogatório.

Glauber continua que estava no Corolla com o Valério e no Palio estava o Jacil. “Combinaram de ir alguns dias antes. Eu sou de Campo Grande e encontrava Jacil em Campo Grande, em festas, por ser amigo de uns amigos. Estava indo para Itapema (SC) e ia ficar na casa do Valério. Valério tem uma empresa de máquinas de pegar ursinho. O Valério estava em Campo Grande abrindo um negócio; é amigo de Valério; combinaram de ir para a praia pra passear e ir em festas. Valério ia dar uma oportunidade de emprego para mim. Saímos umas 3 horas da manhã de Campo Grande, não sei dizer qual o horário que o Jacil saiu; o Jacil se convidou, e não tinha combinado nada com ele, combinaram uns 15 dias antes. Durante a abordagem, eu estava dormindo no carro e o Valério tinha descido para ir na conveniência. Quando acordei já estávamos sendo abordados e ficamos sem entender, foi ver o Jacil já dentro da viatura, demoraram uns 30 minutos para serem colocados na viatura. Valério estava ao lado de mim durante a abordagem. Foram para a Federal de Ponta Grossa. Durante o trajeto Jacil ligou e questionou se eles já haviam chegado. O Corola era do Valério, a ligação foi feita pelo meu celular, e estava conectado no multimídia porque estava ouvindo músicas. Não se recorda quantas ligações foram, estavam no mesmo sentido, mas não estavam juntos, em nenhum momento marcamos a viagem. Não sei onde o Jacil iria ficar, o Valério trabalha com ursos de pelúcia”.

Na vez de Valerio ser interrogado declarou que estava no Corola e parou para abastecer. “A polícia realizou a abordagem e começou a fazer perguntas. Estava com o Glauber quando saímos de Campo Grande (MS), por volta da meio noite, 1 hora, para SC. O Glauber ia conhecer a cidade e iria voltar com outro veículo cheio de ursinhos para distribuir na região de Campo Grande. Nunca vi o motorista do Palio, não conheço o Jacil, não sabia o nome de quem Glauber estava falando. Glauber colocou o Spotify para irem ouvindo e conforme as pessoas ligavam, ele apertava no vermelho e atendia no telefone, então não tinha como saber com quem ele estava falando. Eu não precisava disso e não tem nada a ver com a droga. Eu fui abordado e logo veio o carro com o Jacil. Levaram para o lado do meu carro no posto, em nenhum momento o Glauber falou sobre o Jacil. Não conhece os números de telefone, era umas 14h ou 15h, toda ligação que Glauber recebia ele saia do bluetooth e respondia no celular. Trabalho somente com ursos desde a pandemia, não notei que estava sendo monitorado. Parei para abastecer porque estava com fome. A abordagem foi quando sai da conveniência. O Jacil chegou 20 minutos depois já na viatura. Eles pegaram os celulares, e não autorizei que tirassem foto da multimídia, mas não pediram permissão”.

Já Jacil que transportava a droga, explicou que Glauber e Valerio não faziam parte de nada, e que ele não conhecia o Valerio e nunca conversou com ele, mas conhece o Glauber e que ficou sabendo através de um jogo de futebol que o Glauber iria para Santa Catarina com outra pessoa. “Pedi a ajuda dele durante o caminho para poder chegar em Curitiba, ele não sabia que eu estava transportando droga. Não falei que tinha as drogas, ia receber R$
3.000,00 pelo transporte. A situação está complicada pois deu uma baixada na área em que trabalhava, eu não estava conseguindo consultoria, e acabou cedendo. Eu resido em Portão/RS, mas tinha saído para São Paulo à trabalho há dois meses, e estava negociando com várias empresas, mas não tinha fechado nada, pois dá prioridade para a consultoria. Eu fui para Campo Grande atrás de consultoria, nunca tinha transportado drogas antes, e em nenhum momento autorizou que os policiais entrassem eu seu celular. Na delegacia da Polícia Federal, uma policial pediu para que desbloqueasse o celular para ela ver se o celular era roubado ou não, quando desbloqueou apareceu Jacil Colodel da Cruz no celular, ela saiu com o celular na mão, mas não autorizou a verem o conteúdo do celular.”

Durante da fala dos envolvidos, Jacil confessou o tráfico de drogas. Além disso, Valerio e Jacil não se conheciam, e que Valerio e Glauber não sabia das drogas. “Não há provas da participação dos réus na empreitada criminosa, uma vez que, muito embora existam indícios de que Jacil e Glauber se conhecessem e de que Glauber e Valério se conhecessem, não há provas de que houve acordo prévio entre os réus, nem de que havia intenção de união permanente para a prática do tráfico”, destaca o documento. Já Jacil foi condenado por tráfico de drogas.

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Matheus de Lara

Matheus de Lara

Jornalista formado pelo Centro Universitário Santa Amélia (UniSecal) de Ponta Grossa.

Graduado em dezembro de 2019, já trabalhou por dois anos em jornal impresso em conjunto com um portal de notícias. Atualmente exerce o cargo de jornalista no Portal Boca no Trombone, desde 13 de março de 2023.

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