A crescente popularização dos bebês reborn — bonecos extremamente realistas que imitam recém-nascidos — tem gerado polêmica nas redes sociais, principalmente após vídeos mostrarem pessoas levando os bonecos para unidades de saúde, maternidades e até solicitando atendimentos médicos. Diante dessa repercussão, o BNT News conversou nesta segunda-feira (26) com a psicóloga Gabriela Nabozny, que esclareceu até que ponto essa prática é saudável.
De acordo com a profissional, é preciso analisar cada situação individualmente. “Na psicologia, a gente sempre responde: depende. Depende muito de cada caso”, afirma Gabriela. Segundo ela, quando o uso do bebê reborn se limita a uma brincadeira, um hobby ou uma coleção, isso não representa nenhum problema psicológico. “Assim como homens colecionam carrinhos ou se fantasiam para estreias de filmes, as mulheres também têm direito às suas formas de lazer. O problema é que, quando envolve o universo feminino, há um julgamento social muito maior”, explicou.
No entanto, a psicóloga destaca que os bebês reborn também são utilizados como recurso terapêutico, principalmente no auxílio a pessoas em processo de luto, idosos com Alzheimer ou outros quadros emocionais. “Nesses casos, quando há acompanhamento de um profissional, não é algo patológico, é uma ferramenta de apoio emocional”, completa.
O alerta surge quando a pessoa começa a perder a noção da realidade, tratando o boneco como um bebê real em contextos públicos, como hospitais, escolas ou serviços de saúde, chegando a solicitar vacinas, atestados ou atendimentos. “Quando isso acontece, é preciso observar com mais cuidado. Pode ser um sinal de que essa pessoa está utilizando o boneco como uma fuga da realidade. Não cabe a nós o julgamento, mas sim o acolhimento e entender o que esse objeto representa na vida dela”, alerta Gabriela.
A psicóloga também fez questão de esclarecer que muitos vídeos que viralizam nas redes sociais são encenações. “Em muitos casos, essas pessoas estão produzindo conteúdo para vender os bebês reborn ou criam vídeos para atrair seguidores. Teve um caso muito comentado, de uma mulher que levou um bebê reborn para uma maternidade. Na verdade, ela estava visitando uma amiga que havia acabado de ganhar bebê e aproveitou o cenário para fazer fotos com o boneco. Foi uma encenação, não ocupou vaga de ninguém, mas o vídeo, fora de contexto, assustou muita gente”, relata.
Gabriela reforça que, embora o tema esteja no auge da discussão, isso deve ser passageiro. “Acredito que, assim como foi com a febre do filme da Barbie, em que as pessoas estavam vestidas de rosa e houve muita crítica, essa onda também deve passar nas próximas semanas. Mas é fundamental lembrar que, se o uso do bebê reborn estiver afetando a percepção de realidade de alguém, é sim um caso que merece atenção psicológica.”
Por fim, a profissional deixa um recado: “O objeto não deve substituir o afeto real. Somos seres sociais, feitos para nos relacionar com pessoas, e isso nunca poderá ser substituído por um objeto, seja ele qual for.”
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