As encenações da Paixão e Morte de Jesus Cristo seguem firmes como tradições de fé e emoção nos Campos Gerais. Em Ponta Grossa, Irati e Castro, grupos religiosos e comunidades se mobilizam para apresentar o espetáculo que retrata os últimos momentos de Jesus, atraindo milhares de pessoas e movimentando ações solidárias.
Ponta Grossa: 45 anos de história na Vila Cipa
A mais tradicional das encenações da cidade completa 45 anos em 2025. Promovido pela Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Vila Cipa, o espetáculo acontecerá novamente no campo atrás da Casa da Criança e Adolescente Irmãos Cavanis, ao lado da igreja matriz. A mudança visa oferecer mais conforto ao público, que deve ultrapassar cinco mil pessoas. Em 2024, a apresentação havia retornado ao pátio da paróquia, mas o espaço se mostrou pequeno para o grande público.
Segundo um dos coordenadores do evento, Renan Bianco, o campo tem capacidade para até oito mil pessoas. “A volta ao pátio, no ano passado, foi por conta do novo asfalto. Mas não deu certo. Tinha muita gente e ficou apertado. Este ano, vamos priorizar o conforto e a segurança de todos”, explica.
A principal novidade será o retorno da Cavalaria da Polícia Militar ao espetáculo. Seis soldados e seus cavalos irão compor as cenas que recriam a prisão de Cristo, marcando presença também no último ensaio, no Domingo de Ramos, das 15h às 17h.
A encenação será realizada na Sexta-Feira Santa, dia 18 de abril, às 19h30, com cerca de 80 atores e dezenas de voluntários nos bastidores. Líderes religiosos e autoridades foram convidados para acompanhar a apresentação, que é considerada a mais antiga de toda a Diocese de Ponta Grossa.
Teatro como evangelização no Jardim Paraíso
Também em Ponta Grossa, a Capela Imaculado Coração de Maria, no Jardim Paraíso, celebra 20 anos de sua encenação. Ligada à Paróquia Senhor Bom Jesus, a peça será apresentada às 19h30 da Sexta-Feira Santa, no pátio da capela. Com 55 envolvidos diretamente – entre atores, roteiristas, cenógrafos e técnicos –, o grupo trabalha com afinco para emocionar o público com cada detalhe.
“Cada ano é uma nova emoção. O teatro envolve, evangeliza e traz os jovens para perto da Igreja. Criamos laços e tocamos corações”, afirma a promotora Lorena Virgílio. A entrada é gratuita, mas os organizadores pedem a doação de um quilo de alimento não perecível, que será destinado à Pastoral Social da comunidade.
Irati: tradição com apoio do poder público
Na cidade de Irati, o Grupo de Teatro São Francisco, ligado à Paróquia Nossa Senhora da Luz, realiza sua 27ª edição da encenação, também na Sexta-Feira Santa, às 19h30. O espetáculo ocorrerá na arena do Centro de Tradições Willy Laars.
Os ensaios começaram ainda em janeiro, com preparativos intensificados desde março. A entrada é gratuita, com sugestão de doação de alimentos para entidades beneficentes da cidade. A apresentação conta com apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, e de empresas locais, além da Diocese de Ponta Grossa.
Castro: espetáculo ganha novos palcos e estrutura profissional
Em Castro, a Paróquia São Judas Tadeu, por meio do grupo Jovens Unidos da Santa Cruz, apresenta o teatro da Paixão pela 32ª vez. A grande novidade de 2025 é o novo local: o espetáculo será encenado no Parque Lacustre, em dois palcos especialmente montados pela Prefeitura, com toda a estrutura necessária – som, iluminação, camarins e acessibilidade.
A apresentação está marcada para as 19 horas da Sexta-Feira Santa e já integra o calendário oficial de Turismo da cidade. O evento será parte da programação da Festa da Páscoa, que começa no sábado (19) e segue até o feriado de Tiradentes, em 21 de abril.
O secretário de Cultura, Ronie Cardoso Filho, destaca o conforto para os espectadores: “Teremos cadeiras e acesso facilitado para pessoas com deficiência. Queremos proporcionar uma experiência completa de fé e cultura”.
Tradição, fé e solidariedade
As encenações da Paixão de Cristo nos Campos Gerais seguem como manifestações vivas da fé cristã, combinando arte, religiosidade e solidariedade. Para além da emoção do teatro, as ações promovem arrecadação de alimentos, engajamento comunitário e integração de gerações, mantendo viva uma das celebrações mais simbólicas do calendário religioso.