O ponta-grossense Clarisson Kwasniewski, coordenador do Feirão do Imposto na cidade, tem se tornado uma voz ativa na luta pela conscientização tributária. À frente do movimento há alguns anos, ele levanta um alerta preocupante: “O governo gasta mais do que arrecada, e quem paga essa conta é a população, que muitas vezes nem sabe quanto realmente paga de impostos.”
Segundo Clarisson, só em 2025, os moradores de Ponta Grossa já desembolsaram mais de R$ 178 milhões em tributos. O dado é da plataforma ACPG Jovem, que acompanha em tempo real a arrecadação municipal. “O imposto em si não é o problema. O problema é quando ele não retorna em serviços de qualidade. A gente não é contra pagar imposto, a gente quer que ele seja bem aplicado”, afirma.
“É uma conta que não fecha”
Além da arrecadação local, Clarisson chama atenção para o desequilíbrio nas contas públicas em todo o país. De acordo com o portal Gasto Brasil, o governo federal já gastou mais de R$ 2 trilhões neste ano, R$ 400 bilhões a mais do que arrecadou até agora.
“É uma conta que não fecha. E quem paga somos nós, cidadãos, que já pagamos imposto em tudo: do supermercado ao combustível, da farmácia à conta de luz. A gente paga imposto até quando morre, no inventário”, dispara.
Os números assustam. Só em Ponta Grossa, a arrecadação tem crescido ano após ano: foram R$ 322 milhões em 2022, R$ 340 milhões em 2023 e R$ 404 milhões em 2024. “O município cresce, a arrecadação cresce, e a gente se pergunta: será que nossa renda também cresce no mesmo ritmo? E o retorno em qualidade de vida, aparece?”, questiona Clarisson.
Impacto da Reforma Tributária preocupa
O coordenador do Feirão do Imposto também alerta para os efeitos da Reforma Tributária, que começa a valer em 2026. Para ele, a mudança pode ser cruel especialmente com pequenos empresários, comerciantes e profissionais que estão hoje no Simples Nacional.
“Essas empresas vão precisar se reinventar. Na prática, quem não emitir nota fiscal, quem não se adequar, vai ficar fora do mercado. Porque os consumidores vão exigir nota para poder tomar crédito. Vai ser uma mudança de mentalidade e de gestão muito forte, e quem não se preparar, infelizmente, vai quebrar”, alerta.
Por isso, Clarisson tem se dedicado, junto à CPG Jovem, a promover encontros, palestras e mentorias sobre os impactos da reforma. “Não adianta só reclamar. É preciso entender como o sistema funciona, se preparar, aprender a jogar esse jogo, senão o empreendedor não sobrevive”, afirma.
Feirão do Imposto: mais que protesto, uma aula de cidadania
Durante esta semana, o Feirão do Imposto ganha as ruas e os estabelecimentos comerciais com o Festival Gastronômico Zero Imposto. Vários bares e restaurantes estão oferecendo produtos com descontos que representam exatamente o valor dos impostos.
“É uma forma prática de mostrar para as pessoas o quanto elas pagam todos os dias sem perceber. Quando você vê que um prato, um doce ou uma bebida fica até 20% mais barato sem imposto, você entende o peso que isso tem na sua vida e no seu bolso”, explica Clarisson.
Ele finaliza deixando um recado claro: “A gente não está aqui para ser contra o governo, nem contra pagar imposto. O nosso movimento é para que as pessoas entendam o sistema, exijam seus direitos e, principalmente, fiscalizem para onde vai o dinheiro que elas pagam todos os dias. Cidadania começa com informação.”
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