A cidade de Ponta Grossa vive um novo momento em sua política cultural. A Prefeitura, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, executa um longo trabalho de descentralização cultural, com ações de alfabetização cultural em 28 pontos em diferentes bairros até a requalificação de espaços tradicionais da cidade. O objetivo é garantir a democratização da cultura: que ela seja de todos e para todos.
Em entrevista especial ao Portal BnT Online, o secretário municipal de Cultura, Alberto Portugal, explica que o processo de transformação passa por dois grandes eixos. O primeiro é o acesso à cultura nos bairros; o segundo, a atração da população para os centros culturais existentes.
“É o morador do bairro mais remoto da cidade poder conhecer um pouquinho da rotina da vida de um artista, de como se produz cultura, de como se difunde cultura e o que é cultura. É um conceito muito amplo. Nós temos trabalhado para que as pessoas não enxerguem a Secretaria de Cultura como uma secretaria que promove só festas, só shows, só eventos. Vai muito além disso”, afirma Portugal.
Foi nessa visão que foi lançado em 2024 o Satélite Cultural, maior programa de transformação cultural da cidade. A proposta é levar atividades de formação artística e cultural para 28 polos espalhados por toda Ponta Grossa, com oficinas de teatro, música, dança e artes visuais fora dos centros tradicionais.
“É um projeto extremamente bonito que já está virando referência na região. Nós temos pessoas que têm um potencial muito grande, uma sensibilidade muito grande para as artes, mas que às vezes não se sentem parte desse mecanismo cultural, desse setor de cultura dentro da cidade”, destaca o secretário.
O programa está em sua primeira fase e será executado em três etapas até 2027. Artistas da cidade, selecionados por meio de edital, atuam como articuladores culturais para formação e fomentando a descoberta de novos talentos locais.
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Espaços culturais
A segunda estratégia da gestão cultural é o incentivo à ocupação dos espaços públicos já existentes. O Cine Ópera, o Acervo Municipal de Obras de Arte e o novo CinePG são exemplos de locais que hoje recebem programação gratuita e aberta à população. Atualmente, o Município mantém 12 espaços culturais de portas abertas para a população
“Queremos puxar essas pessoas para dentro do Cine Ópera, para dentro do CinePG, que é a nossa última unidade cultural inaugurada, para dentro do Acervo de Obras de Arte, com uma forma de sensibilizar a comunidade e mostrar que aquele espaço pertence a todos os pontagrossenses”, explica Portugal.
O CinePG, inaugurado em julho após a revitalização do Centro de Cultura, busca democratizar o acesso ao audiovisual com sessões gratuitas todas as terças-feiras, às 19h, com filmes cult, autorais e que promovam reflexão.
A prefeita Elizabeth Schmidt (União) destacou o papel estratégico da cultura gratuita à comunidade. “Reabrir o Centro de Cultura e lançar o CinePG é mais do que entregar um espaço físico. É reafirmar nosso compromisso com a memória, com a educação e com o direito de acesso à arte para todos. A cultura transforma vidas e constrói caminhos de inclusão”.

Cultura o ano inteiro, nos quatro cantos de PG
A descentralização não se limita à formação e ocupação de espaços. Eventos tradicionais também estão migrando para os bairros, levando a festividade e o conteúdo cultural diretamente à população. O marco zero disso foi o Natal de 2021, que descentralizou as atrações antes concentradas no Parque Ambiental.
“Nesse ano, 13 bairros vão receber atrações de Natal. E ali a gente teve esse start de sentir que a comunidade realmente não acessa por ser mais difícil vir até o centro”, explica Portugal.
Outros eventos seguiram a linha da descentralização. A Semana da Cultura de 2025, por exemplo, teve o tema “Teatro da Minha Vila” e levou uma estrutura completa de teatro para o bairro 31 de Março.
Veja a galeria abaixo.
O Carnaval, que teve blocos em diferentes avenidas do Centro, teve recorde de público e muita festividade. A descentralização também acontece nas recentes edições do Festival Nacional de Teatro (FENATA), promovido pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que tem levado atrações a outros espaços públicos e estabelecimentos comerciais.
“Foi incrível perceber o quanto as comunidades são literalmente carentes disso. Elas precisam se alimentar de cultura também. Então nós traçamos todo o nosso planejamento para os próximos três anos pautados nisso”, ressalta Portugal.
Reconhecimento
Em junho, Ponta Grossa recebeu o Selo de Referência Nacional na Cultura, concedido pela Agência Nacional de Cultura, Empreendedorismo e Comunicação (Ancec). O prêmio reconhece práticas de excelência na gestão cultural.
À época, a prefeita Elizabeth Schmidt classificou o momento como histórico e valorizou o trabalho realizado pela pasta. “É um dos maiores prêmios do país. E sabe por quê? Porque aqui a cultura é coisa séria! É trabalho, investimento, oportunidade e transformação. Quando a gente acredita, a gente conquista e hoje somos referência para o Brasil inteiro”, destaca.
Desafios para o futuro
A Secretaria Municipal de Cultura busca a regulamentação da economia criativa. O Município já trabalha para criar uma legislação específica que vai tratar das feiras de artesanato, moda circular e outras formas de empreendedorismo cultural.
Outro projeto estruturante é a restauração da Estação Paraná, prédio histórico da cidade situado no Parque Ambiental e que passará a abrigar a Escolinha do Patrimônio Cultural. Para isso, o Município se encontra na captação de recursos.
“Levamos tempo para regularizar a documentação, contratar o projeto de restauração, e obter a aprovação do Estado do Paraná. Agora estamos em fase de captação de recursos”, explicou Portugal.
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A cidade hoje conta com uma rede completa de espaços culturais: o Céu das Artes para a dança, o Cine Ópera para o teatro, a Biblioteca Pública para a literatura, o Centro da Música, o Museu e a Casa da Memória para a preservação histórica, além do CinePG, voltado ao audiovisual.
A visão da pasta cultural de Ponta Grossa é clara: cultura não é apenas entretenimento, mas uma ferramenta de desenvolvimento social, econômico e de saúde pública. Em vídeo publicado nas redes sociais nesta terça-feira, Elizabeth destacou a amplitude da cultura para o município.
“Isso movimenta comércio, restaurantes, hotéis, turismo e cria empregos para muita gente em Ponta Grossa. É saúde pública, porque promove bem-estar; é segurança porque oferece oportunidade para os jovens; e é formação humana porque forma cidadãos mais críticos. E em Ponta Grossa cultura também é memória e identidade”, diz Elizabeth Schmidt.

Projeto Especial
O Portal BnT Online inicia nesta semana uma série de reportagens especiais em homenagem ao aniversário de 202 anos de Ponta Grossa, comemorado no próximo 15 de setembro. Os materiais foram produzidos pelo jornalista Vinicius Sampaio, com base em levantamentos de dados e entrevistas com autoridades municipais sobre o desenvolvimento recente da cidade.
As matérias que serão publicadas ao longo da semana funcionam como um aquecimento para a grande cobertura que o Portal BnT Online prepara para o dia do aniversário. Saiba mais clicando aqui.
A cobertura especial e a série de reportagens do Portal BnT para os 202 anos de Ponta Grossa contam com o apoio de empresas e instituições parceiras que contribuem para o fortalecimento da comunicação regional:







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