Coluna

Ensinando prevenção por Rafael Mansani e José Leal

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Ensinando prevenção
O ato de ensinar se destaca como um dos mais complexos, muitas vezes marcado pelo desencontro de interesses.

Dentre os grandes dilemas comuns a muitas áreas da vida humana – o ensinar talvez seja um dos mais complexos e essa complexidade começa ou passa as vezes pelo desencontro de interesses.

Claro que esse assunto só toma sentido quando entendemos o ensinar como uma oportunidade e ação muito adiante do adestrar.

É muito diferente o comportamento de uma pessoa que apenas conhece como apertar um botão do comportamento daquelas pessoas que além de saber acionar um comando entende o porquê o faz, as ações e as consequências dos seus atos.

Não é incomum encontrarmos pessoas que gostam de pensar que as outras pessoas não gostam de aprender; há em nossa sociedade uma grande quantidade de pessoas e profissionais que sempre analisam os demais apenas a partir de sua vivência e não cansam de repetir suas formas de superação e sucesso. Bacana que seu jeito de ser, fazer tenha dado certo, mas talvez lhe falta a consciência de que cada um é tem experiência única, por isso seus lindos calçados com os quais deu passos para o sucesso não sirvam para todos os pés. Como já foi dito faz muito tempo “Cada um sabe a dor e como ser o que é” – e queiram ou não – isso faz as diferenças.

Isso sem falarmos nos bons e velhos chavões:

Claro que todos sabemos que a educação é importante, mas isso não quer dizer que ela deva ser trabalhada de forma enfadonha e malfeita. Não devemos acharmos que algo e obrigatório é bom vermos por toda parte os ângulos dos processos de ensino, simplesmente não encantam, não despertam interesse e q consequência pouco servem.

Olhando nossa área de segurança do trabalho encontramos muito desta realidade.

A prevenção sem sombra de dúvida é algo importante, interessante e muito especial, e algo que deveria ter ligação direta com o instinto de sobrevivência humana. Não pode ser apenas uma questão de pensar, precisa também ser uma questão de sentir.

Partindo deste princípio conhecer e aprender as práticas da prevenção deveria ser algo que despertasse a atenção e o interesse da grande maioria dos trabalhadores, mas infelizmente isso não é uma realidade, ou seja, pouca gente se dá conta de tentar entender o porquê deste desencontro entre a necessidade e as pessoas.

Acho que parte disso tem razões que podem ser facilmente constatadas, a primeira delas e a forma que tentamos fazer com que isso ocorra.

Em boa parte dos locais de trabalho tentamos passar para as pessoas à prevenção apenas como um conjunto de normas e regras e jamais como uma filosofia ou forma de viver a ser assimilada, compreendida e praticada. Trabalhamos na direção do proibir, do tornar a prevenção algo penoso e desagradável ao invés de conectarmos a forma de viver e enxergar coisas. Não devemos pensar que a PREVENÇAO PARA O TRABALHADOR APENAS, mas além disso A PREVENÇÃO PARA O SER HUMANO DE FORMA AMPLA, religando muitas vezes os fios entre o papel de estar trabalhando com o ser humano na sua forma mais plena.

A segunda delas diz respeito à forma como fazemos isso, treinamentos e eventos da área de segurança, geralmente são chatos, via de regra repetitivos, pouco atraentes e parte das vezes planejados com a intenção de colher assinaturas visando a isenção de responsabilidades, isto tem se tornado cada vez mais nítido para os trabalhadores e alguns deles manifestam esta visão em algumas organizações.

Quanto à forma destes treinamentos temos hoje em dia ainda em uso treinamentos que eram aplicados há 30 anos quando ainda estávamos começando na área que certamente há muito tempo perderam o sentido já que o trabalhador de hoje vive em outro ambiente e tem interesse por outra forma de comunicação.

A prevenção é algo diferente porque sua abrangência, importância e implicações na vida das pessoas vão muito além de boa parte das demais coisas que fazem parte da vida profissional, atuar para que pessoas caminhem da direção da prevenção e muito mais amplo que ensinar uma pessoa operar uma máquina ou utilizar um equipamento, tem a ver com valores, com forma de ver a vida e maneiras de perceber a importância de alguns detalhes.

Ensinar a prevenção passa pela análise da dose de informações, seja em conteúdo conforme o público, sua realidade e capacidade de assimilação – seja em quantidade de tempo – que deve levar em conta além dos fatores citados anteriormente que o cansaço e a dispersão são inimigos do aprendizado, que cumprir formalidades de um grande adversário para a mudança de cultura.

E não levando isso em conta em muitas organizações hoje gasta-se muito dinheiro para pouco resultado e assim como nos eventos dos acidentes, culpa-se o trabalhador desconhecendo-se muitos fatores, também nestes casos afirma-se que o trabalhador e um desinteressado – como se fosse possível afirmar de forma tão fácil que pessoas não tem interesse por sua preservação de sua vida.

Talvez seja mais fácil julgar apenas as reações dos trabalhadores deixando sempre de lado a análise crítica das ações e formas de fazer?

Não é preciso ir muito longe para encontrarmos organizações com processos de integração que são exaustivos e com uma quantidade de informações que visam mais o desencargo de responsabilidades do que qualquer outra coisa.

Não é raro sabermos de organizações que tratam assuntos como trabalho em altura com “treinamentos” – se é que podemos chamar isso de treinamento – de um ou duas horas e achando que isso muda alguma coisa na forma de ver do trabalhador, quando na verdade com duas horas muitas vezes nem mesmo conseguimos fazer uma boa palestra.

Prevenção é um conceito de vida, uma forma de ver as coisas, um plus a ser adicionado a inteligência e ao instinto.

Treinar pessoas para isso é acender as luzes da responsabilidade com a própria vida, buscar dentro das pessoas e pôr em funcionamento o compromisso mais amplo com a existência.

Pensando bem, treinar pessoas para a prevenção é também uma forma de filosofia de vida, sem isso fica difícil demais.

Por Rafael Mansani e José Leal

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