Na próxima sexta-feira, 22, a cidade de Ponta Grossa será palco do espetáculo “Carolinas – É tempo de se aquilombar”, uma obra potente e sensível que mistura memória, literatura e ancestralidade e chega para emocionar e provocar reflexões. Inspirada na vida e obra de Carolina Maria de Jesus, especialmente em Quarto de Despejo, e nas memórias de seu pai, um homem quilombola da comunidade Colônia Sutil, em Ponta Grossa, Ligiane Ferreira criou uma peça que mistura ancestralidade e atualidade enquanto traça um emocionante paralelo com a história familiar.
Ligiane se inspira nas memórias de seu pai, um homem negro e morador da comunidade quilombola Colônia Sutil, localizada em Ponta Grossa. Na montagem, ela entrelaça relatos do cotidiano descrito por Carolina Maria de Jesus com a trajetória de seu pai, criando uma narrativa que transita entre o passado e o presente, denunciando a perpetuação da miséria e da desigualdade enfrentadas pela população negra no Brasil.
A atriz conta que o espetáculo nasceu em 2018, logo após o falecimento de seu pai. “Eu estava naquele momento de tristeza, mas também refletindo sobre minha história. Meu pai foi enterrado no quilombo Sutil, e isso me trouxe muitas imagens e reflexões. Percebi que havia me distanciado da minha própria história e senti que, como artista, precisava falar sobre isso”, compartilha Ligiane.
No início, a peça era um estudo baseado principalmente na obra Quarto de Despejo, mas, com o tempo, ganhou novas camadas. “Eu fui me aprofundando e me permitindo ser mais corajosa para falar da minha própria história. Hoje, a peça combina o legado de Carolina com a trajetória do meu pai e a condição da população negra no Brasil”, explica.
Homenagem, denúncia e inspiração
O espetáculo segue a proposta do Teatro Experimental do Negro, de Abdias do Nascimento, que Ligiane considera uma de suas maiores influências. “É um teatro de denúncia. Quero que as pessoas sintam uma mistura de emoções: ora chorar, ora se emocionar poeticamente, ora se revoltar. É sobre entender quem foi Carolina Maria de Jesus e como sua obra reflete a sociedade atual.”
Ligiane destaca o impacto transformador da história de Carolina, uma mulher negra e favelada que, mesmo com apenas dois anos de estudo formal, se tornou uma autora reconhecida mundialmente. “Carolina foi corajosa e audaciosa. Ela que era escritora, teve suas obras traduzidas para mais de 16 países. Acho que o povo brasileiro precisa conhecer mais essa figura maravilhosa e entender a questão racial através de sua obra.”
Ligiane conclui ressaltando a importância de resistir e celebrar a história do povo negro: “A gente precisa valorizar nosso povo, nossas glórias e conquistas, e contar nossa história sob o nosso olhar. Resistir é existir, e é isso que fazemos no palco.”
Serviço
Data: 22 de novembro – 19h30
Local: Espaço Arogya – Rua General Carneiro, 1332
Ingressos: R$ 50 (inteira) / R$ 25 (meia-entrada).
Os ingressos são limitados e estão sendo vendidos de forma antecipada por meio do Pix (chave: 42988642202). Mais informações podem ser obtidas pelo Instagram @ligiane.f ou pelo WhatsApp (42) 98864-2202.
Não perca a chance de assistir a essa obra que celebra a resistência e a cultura quilombola, conectando a história de Carolina Maria de Jesus à realidade local de Ponta Grossa.
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