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Maconha de playboy: nova droga avança entre a juventude da classe média

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Por ser associada a um estilo de vida de luxo e sofisticação, essa nova versão da maconha escapa do estigma tradicional

Uma nova onda vem ganhando força entre os jovens da classe média nas capitais brasileiras: o uso do Ice, uma variação mais potente da maconha, também conhecida como “maconha de playboy”. Diferente da cannabis comum, o Ice é uma forma modificada da planta, com alta concentração de THC — o principal composto psicoativo da maconha — e, muitas vezes, misturada com outras substâncias para potencializar seus efeitos. O apelo visual, o status e a sensação de “experiência premium” fazem dela uma droga valorizada em festas de alto padrão e círculos sociais mais abastados.

O que é o Ice?

O nome “Ice” não se refere à maconha tradicional e também não deve ser confundido com a metanfetamina cristalizada que, em alguns países, também é chamada assim. No Brasil, o termo ganhou popularidade entre usuários para se referir a uma cannabis cultivada com métodos avançados, como a hidroponia, e manipulada geneticamente para conter níveis altíssimos de THC — que podem ultrapassar 30%, enquanto a maconha comum gira em torno de 5% a 10%.

Além disso, muitas versões do Ice disponíveis no mercado ilícito são adulteradas com substâncias químicas para aumentar seu poder de alucinação, como solventes, fertilizantes residuais e, em alguns casos, até psicotrópicos sintéticos.

Por que virou moda?

Entre os atrativos do Ice estão a aparência “refinada”, o cheiro mais adocicado e a “explosão de efeitos”, como relatam usuários nas redes sociais. A droga é vendida em embalagens chamativas, que imitam até produtos gourmet, e custa até dez vezes mais que um baseado comum — o que a torna símbolo de status e exclusividade.

A presença dessa nova droga em festas, baladas e até encontros universitários acende um alerta sobre o quanto o consumo de entorpecentes está sendo romantizado entre jovens de classe média e alta.

Perigos para o corpo e para a mente

Especialistas alertam: o consumo de cannabis com altas doses de THC está diretamente ligado a uma série de problemas físicos e mentais. Entre os principais riscos do Ice estão:

  • Psicoses e surtos psicóticos: o excesso de THC pode desencadear crises de paranoia, alucinações, delírios e até quadros que mimetizam a esquizofrenia.

  • Dependência química: apesar do discurso de que “maconha não vicia”, o Ice tem potencial maior de causar dependência pelo efeito intenso e duradouro.

  • Danos à memória e aprendizado: estudos indicam que altas doses de THC prejudicam a consolidação da memória e afetam o desempenho cognitivo, especialmente em cérebros em desenvolvimento.

  • Alterações cardiovasculares: o uso pode causar taquicardia, aumento da pressão arterial e, em casos extremos, arritmias.

  • Risco aumentado de transtornos psiquiátricos: o uso recorrente, principalmente em pessoas com predisposição genética, pode antecipar ou agravar quadros de ansiedade, depressão e transtornos de humor.

O desafio do controle

A popularização do Ice coloca em xeque as estratégias de prevenção e combate às drogas voltadas para o público jovem. Por ser associada a um estilo de vida de luxo e sofisticação, essa nova versão da maconha escapa do estigma tradicional e, com isso, se dissemina de forma mais silenciosa.

O psiquiatra e pesquisador Dr. Lucas Amaral, da Universidade Federal do Paraná, alerta:

“O Ice engana pelo visual e pela falsa ideia de segurança. Mas é, na verdade, uma bomba química que pode deixar sequelas irreversíveis, principalmente em jovens com o cérebro ainda em formação.”

A maconha de “luxo” pode até parecer inofensiva à primeira vista, mas os perigos do Ice são reais e crescentes. O desafio agora é abrir espaço para um debate sério e sem tabu sobre os novos formatos das drogas que circulam entre a juventude. Educação, acesso à informação e políticas públicas eficazes serão essenciais para frear essa onda antes que ela gere uma nova geração de dependentes.

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