No último domingo (13), a tragédia envolvendo a menina Sarah Raissa Pereira de Castro, de apenas 8 anos, chamou a atenção das autoridades no Distrito Federal. A criança faleceu após, supostamente, ter participado do chamado “desafio do desodorante”. De acordo com informações do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), onde foi declarada a morte, Sarah havia sido internada desde a última quinta-feira (10) e, antes de seu falecimento, apresentava sinais de morte cerebral.
O delegado Walber Lima, que comanda as investigações na 15ª Delegacia de Polícia, afirmou que os responsáveis pela disseminação desse conteúdo nas redes sociais podem ser indiciados por homicídio duplamente qualificado, um crime que pode resultar em penas que chegam até 30 anos de reclusão. A principal linha de investigação sugere que Sarah foi influenciada por vídeos online que promovem este perigoso desafio.
A Polícia Civil do DF já apreendeu o celular da menina, que será submetido a uma perícia minuciosa. Os investigadores esperam encontrar no aparelho um histórico de pesquisas e outros dados que possam levar à origem dos vídeos associados ao desafio mortal.
Enquanto isso, o Ministério da Justiça também está acompanhando o caso e desenvolvendo estratégias para lidar com a questão dos desafios perigosos na internet. Uma das iniciativas em discussão é a criação de um aplicativo destinado a restringir o acesso de crianças e adolescentes a conteúdos inadequados. Esta ação faz parte de um esforço mais amplo para proteger os jovens usuários da internet.
Desde 2014, o Instituto DimiCuida tem monitorado casos semelhantes e registrou 56 ocorrências no Brasil envolvendo crianças ou adolescentes que perderam suas vidas ou sofreram lesões graves em decorrência desses desafios online. Esses números servem como base para que o Ministério da Justiça implemente medidas de prevenção.
O cenário se agrava ainda mais quando se considera que o “desafio do desodorante” incentiva os participantes a inalar o produto aerosol por períodos prolongados. Especialistas alertam sobre os riscos à saúde associados a essa prática, como sérios danos aos brônquios e à oxigenação do corpo devido ao alto teor alcoólico presente nos desodorantes.
Sarah foi encontrada inconsciente pelo avô em sua residência, ao lado de um frasco de desodorante aerosol e seu celular. Uma almofada próxima estava encharcada pelo produto. O caso traz à tona não apenas a necessidade urgente de conscientização sobre os perigos dos desafios virais, mas também uma reflexão sobre o papel das plataformas digitais na proteção dos seus usuários mais jovens.
O laudo cadavérico realizado pelo Instituto Médico Legal (IML) já foi concluído e está sob análise dos investigadores enquanto prosseguem as buscas por respostas e responsabilidades nesse trágico incidente.
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