Um caso grave envolvendo um motorista de aplicativo está sendo investigado pela Polícia Civil de Ponta Grossa. Na noite desta quinta-feira (10/04), uma mulher denunciou o condutor por intolerância religiosa e cárcere privado, afirmando ter sido mantida presa dentro do veículo com duas crianças, após ele se recusar a levá-la ao destino devido à sua vestimenta religiosa.
Versão da vítima
Segundo a vítima, que reside nas proximidades do Tozetinho, no bairro Oficinas, ela solicitou uma corrida por aplicativo para se deslocar até um terreiro religioso. Estavam com ela sua filha e uma criança mais nova. Após cerca de 10 minutos de espera, o motorista entrou em contato informando que estava num posto de combustível próximo, e ela então foi até o local.
As crianças teriam entrado primeiro no carro. No momento em que ela foi entrar, o motorista teria dito que “não levava pessoas desse tipo”. A mulher, surpresa, questionou o motivo e ele teria mencionado que estava se referindo à sua roupa branca, típica para práticas religiosas de matriz africana. Ela então explicou que estava indo ao terreiro, mas o motorista teria cancelado a corrida e trancado as portas com ela e as crianças dentro.
O motorista teria saído do carro e ido até uma lanchonete próxima, deixando as três pessoas trancadas no veículo. Desesperada, a mulher conta que precisou quebrar o vidro do carro com o cotovelo para conseguir sair com as crianças e acionou a polícia em seguida. A situação teria gerado uma confusão no local. Ela também relata que teve o celular quebrado pelo motorista durante a discussão.
Versão do motorista
A equipe do Portal BnT conversou com o motorista envolvido no caso. Segundo ele, quando a corrida foi solicitada, ele já estava no posto e pediu que a passageira fosse até lá, devido à curta distância. Ele afirma que a mulher teria se irritado ao chegar, dizendo que era ele quem deveria buscá-la. Segundo o motorista, ela passou a ofendê-lo verbalmente com xingamentos.
O condutor relata que, diante da situação, optou por cancelar a corrida e solicitou que a passageira deixasse o veículo. Ela, no entanto, teria dito que só sairia com a chegada da polícia. Nesse momento, o motorista diz que desceu do carro, que trancou automaticamente, e foi até a lanchonete. Ao retornar, viu a passageira do lado de fora do veículo, supostamente batendo no carro com uma pedra.
Ele afirma ainda que houve um desentendimento e que, no calor da discussão, acabou quebrando o celular da mulher, mas nega qualquer agressão física. O motorista se declarou inocente e disse que testemunhas presentes no posto confirmaram sua versão. Ele ficou de enviar imagens de câmeras de segurança do local à reportagem, o que ainda não havia sido feito até o fechamento desta matéria.
Advogado da vítima se manifesta
O advogado da vítima, Geraldo Stoco, que também é vereador em Ponta Grossa, falou à reportagem do BnT Online:
“Nossa cliente solicitou a corrida, estava acompanhada de uma criança e da irmã mais nova. Quando entrou no carro com a vestimenta de prática religiosa, o motorista afirmou que não levava esse tipo de gente. Ela ficou extremamente nervosa, pois precisava se deslocar ao terreiro. O motorista então trancou as três pessoas no veículo e se afastou, configurando um cárcere privado. Houve palavras de baixo calão e uma clara demonstração de intolerância religiosa. Estamos aqui para resguardar os direitos da nossa cliente e cobrar que a autoridade policial tome as devidas providências.”
Investigação em andamento
A ocorrência foi registrada na 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa. Segundo informações preliminares, não havia testemunhas no momento da confusão dentro da delegacia. A polícia abriu investigação para apurar os fatos, incluindo a possível prática de intolerância religiosa e o suposto cárcere privado.
O Portal BnT Online segue acompanhando o caso de perto e trará atualizações à medida que a investigação avançar.
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