Havia um gato e havia um balde, normalmente não estariam associados, não eram parceiros esperados, entretanto sempre se aproximavam em meio ao inesperado. As roupas eram lavadas, esfregadas, ensaboadas, jogadas no balde, ainda aguardavam pela boa vontade de quem lhes viesse visitar e finalizar a empreitada.
Na lavanderia mal trancada, o gato não se trancafiava, ao contrário, saía quando bem queria e sempre ironizava o infortúnio do balde, velho, dependente, sempre a aguardar que alguma gente lhe viesse movimentar. As fronhas brancas, ainda ensaboadas, ainda manchadas pela taça de vinho tinto esparramada. E quem mandou o gato espiar tudo? Ao lado da cama foi acertado em cheio quando o dono arrancou o pijama, esbarrou na taça, que produziu a mancha.
O gato, em sua andança, valsa e dança, ginga e se espreguiça, desdenha do balde, pobre infeliz que apenas porta o triz, muito longe daquilo que um dia quis.
Autoria: Renata Regis Florisbelo