Nos primeiros quatro meses de 2025, o Brasil registrou aproximadamente 62 mil internações de idosos resultantes de quedas, além de mais de 67 mil atendimentos ambulatoriais. Esses números alarmantes refletem uma tendência preocupante, já que ao longo do ano foram contabilizados mais de 344 mil atendimentos ou hospitalizações relacionados a esse problema. Tragicamente, 13.385 idosos não sobreviveram às consequências das quedas.
Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde evidenciam a gravidade da situação, especialmente considerando que o dia 24 de junho foi designado como o Dia Mundial de Prevenção de Quedas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A especialista em gerontologia, Nubia Queiroz, ressalta que as quedas representam um risco elevado para a população idosa devido à fragilidade óssea e à propensão a fraturas, especialmente na região do quadril. Ela explica que o tempo necessário para a recuperação pode ser extenso e muitas vezes compromete permanentemente a mobilidade e a qualidade de vida dos indivíduos afetados.
As fraturas de quadril, frequentemente resultantes de quedas, são particularmente preocupantes, conforme aponta Robinson Esteves, presidente da Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO). Além da lesão em si, essas fraturas podem ocasionar complicações graves, como infecções, trombose e pneumonia, aumentando significativamente o risco de mortalidade entre os idosos.
Além das repercussões físicas das quedas, muitos idosos desenvolvem um medo intenso de novas quedas após um acidente, levando-os a reduzir sua participação em atividades físicas e sociais. De acordo com Nubia Queiroz, a prática regular de exercícios é essencial para prevenir quedas, pois contribui para o fortalecimento muscular, o equilíbrio e a flexibilidade.
A adaptação do ambiente doméstico também é fundamental na prevenção. Nubia sugere medidas como a remoção de tapetes soltos, a instalação de barras de apoio em banheiros e melhorias na iluminação dos espaços residenciais. Ela também enfatiza a importância do acompanhamento médico constante e da atenção especial aos medicamentos que podem provocar tonturas ou efeitos colaterais semelhantes.
Em resposta ao aumento nas quedas entre idosos, muitas famílias têm buscado serviços de teleassistência. Sistemas como botões de emergência permitem que os idosos solicitem ajuda rapidamente em situações críticas. De acordo com uma médica que coordena a Central de Atendimento 24 horas da empresa TeleHelp, as quedas tornaram-se a principal ocorrência registrada entre os pacientes entre janeiro e maio deste ano. Os pedidos de assistência aumentaram significativamente, passando de 16% para 23%, sendo que muitos acidentes ocorrem no quarto ou no banheiro.
Esses sistemas são considerados uma alternativa viável para que os idosos mantenham suas rotinas diárias sem precisar alterar suas atividades devido ao risco de quedas. A médica complementa que “a autonomia e a independência são essenciais para um envelhecimento saudável”, influenciando diretamente o bem-estar emocional e a qualidade de vida.
Robinson Esteves alerta que nenhuma queda deve ser subestimada. “As quedas entre os idosos constituem um dos principais desafios enfrentados pela saúde pública atualmente”, afirma ele. As consequências graves para a qualidade de vida dessa faixa etária são inegáveis. Mesmo quedas que parecem simples podem resultar em complicações sérias, especialmente entre os mais velhos. Por isso, é vital ter cuidado tanto na prevenção quanto no atendimento imediato”, conclui.
Esteves recomenda que todos os episódios de queda sejam monitorados atentamente. O idoso deve ser levado ao serviço médico caso apresente hematomas, dificuldades motoras ou dor intensa. Situações envolvendo perda de consciência ou suspeita de fratura requerem socorro médico imediato.
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