Ele sempre me esperava com os potinhos de salada de frutas. Frescas, um punhado plural delas. Saboreei e aprovei, desde então estavam sempre presentes. Uma sensação de conforto, acolhimento sem explicação, coisa que faz o tempo congelar e parar no pote que, ao sorver aos pedaços, deixa de lado tudo que passou e se concentra naquele instante. As frutas não duram, perecem rapidamente, não deixam o tempo passar, o tempo que vem roubar das coisas a permanência. Nunca fomos imperfeitos, nem perfeitos, apenas fomos os sujeitos que se encontram no viés de tempo, como as frutas no instante de vida do pote de saladas. As frutas sempre foram impermanentes, como aquilo que se pressente não ter o poder de alcançar além do presente. O tempo que vem pela frente não conhece mais o sabor daquelas frutas. Noutra empreitada, na água saborizada, as frutas que sobram são recolhidas pela mão com firme intenção, até a boca são levadas…
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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