Política

Bolsa Família: senadores querem evitar que contratados por safra percam o benefício

safrista Boca no Trombone safrista
Foto: Agência Senado
Projeto de Lei 715/2023 visa proteger safristas do corte do Bolsa Família, excluindo rendimentos temporários da contagem familiar. A votação no Senado é esperada para maio.

Um novo projeto de lei, que visa beneficiar trabalhadores rurais temporários conhecidos como safristas, pode ser discutido no Senado Federal já no próximo mês. Denominado Projeto de Lei 715/2023, o chamado PL dos Safristas tem como objetivo garantir que esses profissionais não percam o acesso ao Bolsa Família durante os períodos em que estão contratados por safra.

A proposta busca modificar duas legislações existentes: a que rege as normas do trabalho rural e a que regula o programa Bolsa Família. O principal intuito é excluir os salários recebidos pelos safristas da contagem da renda familiar mensal, evitando assim a exclusão desses trabalhadores do programa de transferência de renda durante os períodos de colheita.

Jaime Bagattoli, relator da proposta no Senado, manifestou otimismo sobre o avanço do projeto na Comissão de Assuntos Sociais, previsto para maio. A expectativa é de que a proposta seja aprovada sem alterações significativas, preservando o texto que já recebeu aprovação na Câmara dos Deputados em 2023.

“Estamos prontos para avançar com isso em maio”, declarou Bagattoli, ressaltando que conta com o apoio do líder do governo no Senado, Jaques Wagner, e da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que classifica a proposta como prioritária.

Atualmente, as regras estabelecem que a renda mensal por pessoa na família não pode ultrapassar R$ 218 para que o beneficiário continue recebendo o Bolsa Família. Caso a renda fique acima desse limite e abaixo de meio salário mínimo (R$ 759), o valor do benefício é reduzido pela metade. Ultrapassando este último teto, o auxílio é cortado.

Diante dessas condições, muitos safristas hesitam em formalizar seus contratos com carteira assinada, temendo perder o benefício do Bolsa Família. O PL propõe que os rendimentos obtidos durante o contrato temporário não sejam contabilizados para efeito do cálculo do Bolsa Família, garantindo que esses trabalhadores possam retornar ao recebimento do auxílio automaticamente após o término do vínculo empregatício.

Além disso, o texto estipula a inclusão de informações sobre contratos temporários no sistema eSocial, criando um campo específico para facilitar a fiscalização por parte dos órgãos responsáveis pela administração do Bolsa Família. Uma emenda foi adicionada pelo relator para suspender temporariamente a obrigatoriedade de registro no eSocial caso o sistema não esteja adaptado dentro de um prazo de 60 dias após a sanção da lei.

A proposta conta com apoio significativo tanto de entidades representativas do agronegócio quanto de sindicatos que defendem os direitos dos trabalhadores rurais. Gabriel Bezerra, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar), afirmou que o PL proporciona segurança aos trabalhadores para aceitarem contratos temporários sem medo de perderem seus benefícios.

“Muitos evitam assinar carteira por receio de ficarem sem o Bolsa Família. Esse projeto é fundamental, pois os salários no agronegócio ainda são baixos e esse benefício serve como um complemento essencial”, destacou Bezerra.

Ele também alertou para a crescente falta de mão de obra no campo e acredita que essa medida poderá ajudar a mitigar essa situação. “O setor agropecuário precisa oferecer melhores condições salariais aos trabalhadores. A escassez de mão de obra disposta a trabalhar com frutas, café e grãos é uma realidade”, concluiu.

O projeto foi encaminhado ao Senado em junho de 2023 e já contava com um parecer favorável na Comissão de Assuntos Sociais. Entretanto, um calendário legislativo apertado em 2025, marcado por recessos e feriados, adiou sua votação. Com as novas perspectivas para maio, há esperanças de aprovação ainda neste primeiro semestre.

Bagattoli garantiu que apenas ajustes menores serão feitos na nova versão do relatório: “Haverá um pequeno ajuste fino, mas nada que altere a essência do projeto”, assegurou.

Se aprovado pelo Senado sem modificações, o PL será encaminhado diretamente para sanção presidencial. Organizações como a Contar defendem que o texto original seja mantido conforme aprovado pela Câmara para evitar novos debates e possíveis atrasos na implementação das mudanças propostas.

Leia também Brasil e China discutem cooperação no setor de bioinsumos para impulsionar agricultura sustentável

Web Stories

BNT Vídeos

Quer receber as Newsletter BnT?

Cadastre-se e receba, um email exclusivo com as principais noticias produzidas pela equipe do Portal Boca no Trombone

google-news-banner Boca no Trombone
botao-grupo-whatsapp Boca no Trombone

Google News

Bnt News: Tonia Mansani fala sobre Sala do Empreendedor de Ponta Grossa Castro valoriza o esporte com Olimpíadas do Trabalhador e polos esportivos no interior Advogada alerta para diferentes formas de assédio e reforça importância da denúncia Palmeira anuncia novo Pronto Atendimento Municipal com investimento de R$ 9 milhões Projeto “Minha Nossa Ponta Grossa” promove cultura local com arte e poesia. Paraná realiza maior programa de cirurgias eletivas do país, afirma Beto Preto ao BnT news UEPG recebe seminário sobre boas práticas na gestão do Ensino Superior