Uma técnica de enfermagem e um motorista do SAMU foram demitidos devido a um atraso de três minutos em uma ocorrência, em Ponta Grossa. O episódio em questão se refere ao engasgamento de Sandra Queiroz, candidata a vice-prefeita de Ponta Grossa, no dia 04 de outubro.
O portal BnT foi procurado por Geliane Thaise Kintopp, técnica de enfermagem, que concedeu com exclusividade detalhes dos primeiros atendimentos à vítima. Ela conta que a ocorrência foi repassada como código 1, que é o de mais alta prioridade. Porém, Sandra já estava sem sinais vitais no local.
Geliane conta que, no local da ocorrência, foi feita a manobra de desobstrução e compressão torácica. A equipe Alfa do Samu foi acionada, por conta da emergência. “A doutora da Alfa precisou retirar o pedaço de carne com a pinça Maguil, que só os médicos têm na viatura e só eles podem usá-la. A vítima foi entubada e encaminhada para a Unimed”, conta.
Sandra Queiroz (PSDB) veio a ser encaminhada para um hospital em Curitiba, para tratamento mais especializado, e foi liberada 11 dias depois. Relembre o caso clicando aqui, noticiado pelo Portal.
O problema é que, nos dias seguintes, Geliane teria enfrentado graves acusações contra o seu trabalho e sua conduta na ocorrência do dia 04. “Recebi um áudio onde disseram que não soubemos desobstruir as vias aéreas da senhora Sandra. Estamos sendo apontados como incapazes”, diz.
Além desta situação, a técnica diz que uma pessoa teria lhe ameaçado, dentro de um supermercado, dizendo que ela e o condutor iriam ser demitidos por justa causa por ter demorado para chegar no local da ocorrência. E foi o que aconteceu, em 16 de outubro.
“No dia 16, às 16h, fui convocada pelo meu chefe e uma representante do RH para anunciarem que estavam me demitindo por justa causa e que o motivo seria os três minutos de atraso para chegar no local da ocorrência”, relata Geliane.
A técnica de enfermagem reforça que a situação foi injusta. “Gostaríamos de um pronunciamento de quem e porquê fomos mandados embora por conta de três minutos. Há outras ocorrências que o SAMU demorou 20 ou 30 minutos para chegar até o local, em situações de código 1 e que não acabaram assim”, aponta.
A técnica relembrou o caso de Moacyr Ferreira, motorista da Coca-Cola que morreu de ataque cardíaco na Vila Vilela enquanto trabalhava, no dia 27 de setembro. O atraso do Samu foi de 50 minutos, sob justificativa de falta de disponibilidade e que a ocorrência havia sido notificada como não-urgente, de primeiro momento. Você também pode relembrar o caso clicando aqui.
Em conversas com Rubia Marchinski, ex-colaboradora do Coren, afirma como Geliane pode proceder diante da situação. “Se ela se sentiu lesada e tiver certeza de que não se trata de imprudência, negligência ou imperícia, pode pedir defesa junto ao Coren e sinalizar que a vítima é figura pública. Ela pode procurar um jurídico pra iniciar um processo com os danos causados pela empresa em decorrência dessa situação”, aponta.
Posicionamento
O portal Boca no Trombone procurou a SMB Gestão em Saúde, empresa contratada pelo Consórcio Intermunicipal SAMU Campos Gerais, para questionar sobre as justificativas das demissões. A resposta que nos foi enviada é a seguinte:
“A SMB Gestão em Saúde promove suas contratações e desligamentos com base em critérios técnicos de desempenho. A empresa não comenta sobre casos específicos de colaboradores”.
Nós também procuramos a assessoria de comunicação do CIMSAMU, pedindo um posicionamento sobre o caso. Porém, até o momento, nenhuma resposta foi enviada.