As aeronaves andavam lotadas de gente. Pessoas de todas as idades e pretensões de voo, dos antipáticos executivos à vovó que vai visitar os netos e o casal de recém casados em lua-de-mel. Nem ele nem ela em tais categorias. Ela em viagem a trabalho, ele que encerrava sua participação num simpósio.
E dentro do avião por que não, de diversão, mais um quinhão! A poltrona dela na saída de emergência e uma espichada de olhos nas orientações no folheto, melhor ler com atenção em caso alguma derradeira movimentação. Lá veio ele com seu sorriso único. Em inusitada malícia ela lhe convidou para ocupar a poltrona ao lado dela e sem susto, em caso de qualquer emergência ela o socorreria.
Os sorrisos mais simpáticos e naquele avião, ao lado daquela asa, medo algum havia, contudo houve socorro mútuo sim, para bem adiante daquelas nuvens. Milhares de milhas depois, hoje, aquele brilho que se deixou mostrar, ainda se deixa intrigar. E ninguém tem medo algum, nem de avião, nem de outro alguém.
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Autoria: Renata Regis Florisbelo