Esfregava no tanque as toalhas e os lençóis, as calças e os blusões. Apanhava o
sabão e esfregava, mais sabão, esfregava, virava de lado, o sabão sempre à mão e
mais e mais esfregação. Montanha de espuma se formava, alcançava cotovelos,
braços, ombros e era quase um homem espuma. Descontente virava de lado mais
umas quatro vezes, mais aplicação de sabão. A barra deslizava, esfolava, deformava
na carne arrancada nas peças desgastadas de tanto serem esfregadas. Parecia não
terminar.
Agonizante sensação de que o mundo terminaria numa montanha de espuma. Jamais
os olhos se livrariam da imagem da espuma impregnante. Foi em… O velho tanque já
se acabou, ruiu. Os tanques novos não são mais usados, ninguém esfrega roupas à
mão. Talvez ele ainda esfregue em algum lugar que desentranhe a minha emoção.
Autoria: Renata Regis Florisbelo
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