Na manhã desta terça-feira (29), a vereadora de Ponta Grossa e enfermeira Marisleidy Rama esteve nos estúdios do BTN News para uma entrevista que trouxe à tona questões urgentes sobre o sistema público de saúde da cidade. Com vasta experiência na área da enfermagem e atuação direta em unidades de pronto atendimento (UPAs), Maryleide discutiu os principais gargalos da rede municipal de saúde e propôs soluções a partir da reestruturação da atenção primária.
Durante a conversa, a parlamentar destacou o colapso frequente nas UPAs de Ponta Grossa, citando um caso recente de um paciente em situação crítica, que permaneceu três dias em atendimento na UPA Santa Paula à espera de uma vaga hospitalar. “Mesmo com medicação, ele continuava convulsionando. Era uma pessoa em situação de rua, um ser humano como qualquer outro, que merecia um atendimento digno”, relatou emocionada.
Segundo a vereadora, um dos principais fatores por trás da superlotação das UPAs é a sobrecarga de pacientes que deveriam ser atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). “A UPA foi criada para emergências: acidentes, convulsões, infartos. Casos como dor de garganta, unha encravada, diarreia, devem ser acolhidos nas UBSs”, explicou.
Marileidy reforçou que o sistema de saúde é interligado e que, quando a base – as unidades de saúde nos bairros – não funciona adequadamente, o restante da rede entra em colapso. “Se 58 UBSs liberarem cinco pacientes por dia por falta de acolhimento, são quase 300 pessoas a mais nas UPAs diariamente. E a equipe que está lá dentro é a mesma”, alertou.
A vereadora também falou sobre a necessidade de qualificar os processos de transferência hospitalar, citando o exemplo da “vaga zero”, quando pacientes gravíssimos são levados diretamente ao hospital, mesmo sem vaga disponível, para garantir atendimento imediato. Ela apontou falhas na regulação de leitos e defendeu a presença de profissionais da saúde – e não apenas administrativos – na tomada de decisões nesses núcleos internos.
Com apenas alguns meses no cargo, Marisleidy revelou que tem se debruçado sobre contratos, fluxos e demandas do sistema de saúde local. “Muitas vezes eu perco o sono. A estrutura existe, temos três UPAs, mais de 50 UBSs, mas a cidade cresceu demais. A equipe é a mesma. Precisamos reorganizar o sistema”, afirmou.
Ela reforçou seu compromisso com o SUS e defendeu o engajamento da população na utilização correta dos serviços. “O SUS é pago com os seus impostos. Você já pagou por esse atendimento. Então ele precisa ser eficiente e digno”, declarou.
A entrevista repercutiu positivamente entre os ouvintes, com elogios ao posicionamento da vereadora. Uma das mensagens lidas no ar dizia: “Se todos os políticos tivessem esse olhar que você tem, a saúde não estaria nesse caos.” Em resposta, Marileide concluiu com um apelo: “A gente não está aqui para apontar culpados, mas para construir soluções juntos.”
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