Um exame de sangue para diagnóstico precoce da doença de Alzheimer atingiu mais de 90% de confiabilidade em estudos recentes realizados no Brasil, índice considerado ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A análise, comparada ao tradicional exame de líquor — considerado o “padrão ouro” —, envolveu 59 pacientes e se mostrou eficaz mesmo em populações com genética e contextos socioculturais distintos.
A pesquisa foi conduzida por cientistas do Instituto D’Or e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), incluindo os professores Sérgio Ferreira, Fernanda De Felice e Fernanda Tovar-Moll. “São duas regiões diferentes do país, com características completamente distintas, e o exame funcionou muito bem”, destacou o pesquisador Zimmer.
Impacto da escolaridade no avanço da doença
O estudo também apontou que a baixa escolaridade é um dos principais fatores de risco para o declínio cognitivo, superando idade e sexo. “O cérebro exposto à educação formal cria mais conexões. É como se exercitássemos o cérebro, o que o torna mais resistente ao declínio”, explicou Zimmer.
O dado reforça a ligação entre fatores socioeconômicos, educacionais e o envelhecimento cerebral, destacando a importância de políticas públicas voltadas à educação ao longo da vida.
Caminho até o SUS
Atualmente, testes como o americano PrecivityAD2 já estão disponíveis na rede privada brasileira, com preços que podem chegar a R$ 3,6 mil. A proposta da pesquisa nacional é justamente oferecer uma alternativa gratuita e acessível via SUS.
Para isso, o exame precisa comprovar desempenho em amostras mais amplas e enfrentar etapas de validação técnica e logística. “Precisamos entender onde e quando os exames serão utilizados, que população será beneficiada e se vão, de fato, acelerar o diagnóstico no SUS”, afirmou o pesquisador.
O prazo para os resultados definitivos é de aproximadamente dois anos.
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Foco em fases iniciais da doença
Embora a maior parte dos diagnósticos ocorra a partir dos 65 anos, os próximos estudos serão direcionados a pessoas com mais de 55 anos, visando identificar a fase pré-clínica do Alzheimer, quando a doença começa a se instalar silenciosamente. “A ideia é mapear a prevalência desses indivíduos e melhorar a capacidade de intervenção precoce”, concluiu Zimmer.
Dados sobre a doença no Brasil e no mundo
Segundo a OMS, cerca de 57 milhões de pessoas no mundo vivem com algum tipo de demência — sendo que 60% têm Alzheimer. No Brasil, o Relatório Nacional sobre Demência 2024 estima 1,8 milhão de casos, com previsão de que esse número triplique até 2050.
A pesquisa foi publicada na revista Molecular Psychiatry e recebeu reforço de uma revisão internacional publicada em setembro, no periódico Lancet Neurology. O estudo conta com apoio do Instituto Serrapilheira.
*Com informações da Agência Brasil




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