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Ida à lua, à marte ou ao mercado, o que mais nos importa?

Foto: Reprodução

Há poucos dias li uma notícia de um menino de 10 anos de uma cidade de Minas Gerais que ligou para a polícia pedindo ajuda porque não tinha nada para comer: “a gente tá sem nada para comer, o arroz que tinha, tinha só um “tiquinho”. Aí nós comemos só arroz puro. Agora não tem mais nada pra comer hoje de noite, nem amanhã de manhã.

Infelizmente esse não é um fato isolado, não é somente no interior de Minas, essa situação ocorre em todo o nosso país, inclusive nos “ricos” estados do Sul, no chamado celeiro do Brasil.

Estudos mostram que mais de 33 milhões de brasileiros passam fome. Em 2021 mais de 3 mil bebês com menos de um ano, foram internados com desnutrição. Isso é muito triste, mas quando pensamos que boa parte, senão a maioria dessas pessoas são crianças, a indignação é ainda maior. A consequência da falta de alimentos para uma criança pode ser irreversível, a desnutrição pode causar raquitismo, anemia, fragilidade óssea e muscular e até a defasagem neurológica, o que faz com que essas pessoas tenham inclusive dificuldades no aprendizado e no trabalho, mesmo aqueles com menor complexidade.

São diversos os problemas que levam a sociedade conviver com a fome ,o principal deles é a falta de políticas públicas, dentre elas podemos destacar a falta de investimento numa política de Segurança Alimentar, falta de investimentos em programas de capacitação de mão de obra para atenuar o desemprego e principalmente falta de investimentos na Educação Básica, pois a lógica é, quanto mais analfabetos, mais miséria, mais dependência do Estado, automaticamente mais fácil e barato a compra de votos e assim mantem-se esse sistema perverso.

Antagonicamente a essa questão da fome vemos notícias de investimento de bilhões para novas tecnologias para que o “homem” retorne à lua ou chegue a Marte, somente de 2019 a 2024 a Nasa irá investir mais de 500 bilhões de reais no projeto de retorno à lua. Não podemos nem calcular o quanto já investiram nas últimas décadas, mas com certeza passa da casa de 10 trilhões de reais.

Agora virou moda investir em tecnologia para chegar ao espaço, bilionários como Jeff Bezos, Richard Branson e Elon Musk estão investido bilhões para este fim, o último tem um plano de que nas próximas décadas construir uma fábrica da Tesla em Marte e colocar lá 1 milhão de pessoas até 2050. Muita gente pode pensar: o dinheiro é dele, faz o que quiser, não é bem assim, neste plano além dos recursos próprios, conta com subsídios (“esmolas’) bilionárias do governo americano.

Diante disso fico pensando, o que é mais importante, o sonho de chegar à lua, em Marte ou o Governo e empresas investirem na tentativa da erradicação da fome de milhões de pessoas?

Quando pensamos em um país, em mundo mais justo estamos muito, mas muito distante disso.

E o que eu posso fazer?

Se você não é rico ou bilionário como eu, pode começar a deixar de endeusar ou defender de unhas e dentes certos políticos e começar a cobrar uma cidade, um estado, um país melhor.

E também pode, e acho que deve sempre acreditar num futuro melhor para nossos filhos e netos.

Eu ainda quero acreditar naquela linda música de John Lennon.

…você pode dizer que eu sou um sonhador

Mas eu não sou o único,

Espero que um dia você junte-se a nós,

E o mundo será um só,

Eu me pergunto se você pode,

Sem a necessidade de ganância ou fome…

Pense, imagine, lute por um mundo melhor.

Roberto Ferensovicz

Servidor Municipal há 30 anos, atualmente vice presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ponta Grossa

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Roberto Ferensovicz

Roberto Ferensovicz

Servidor público municipal há 28 anos. Vice-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Ponta Grossa (SindServ-PG)

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